quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

DARIO II (423 – 404 a.C.)

Dario II foi o oitavo rei aquemênida do Império da Pérsia. Dario (Darayavaush) era seu nome de trono, mas seu nome originário é relatado em fontes clássicas como Oco (em grego Ochós, latim Ochus possivelmente do babilônico Ú-ma-kush ou U-ma-su. O antigo nome persa pode ter sido Vauka ou Va(h)ush). Seu pai era Artaxerxes I e sua mãe Cosmartidene, uma concubina babilônica. Daí os autores gregos consideravam-no um bastardo (em grego nothos), embora este epíteto tenha aparecido bastante tarde (Pausânias, 6.5.7). Por isso muitas vezes nos textos tradicionais ele é referido como Dario II Noto. Abaixo, vaso do V século a.C. que faz referência ao rei Dario, o qual possivelmente é Dario II.

Quando da morte de Artaxerxes I, este foi sucedido por Xerxes II, filho de sua consorte real. Depois de um mês e meio Xerxes foi assassinado por seu irmão Sogdiano. Seu meio-irmão, Oco, sátrapa da Hircânia se rebelou contra Sogdiano com o apoio de Artoxares, eunuco de forte influência na corte, Arbário, o comandante da cavalaria, e Arsames, sátrapa do Egito. Após uma breve luta, Oco matou Sogdiano e seus apoiadores. Pouco depois, seu irmão Arsites se rebelou contra ele. Arsites recebeu o apoio de um importante membro da nobreza persa, Artifio, filho Megabizo. Para fazer frente a seu irmão, Arsites contratou os serviços de mercenários de Mileto. Este emprego de mercenários gregos em guerras dinásticas persas estabeleceu um precedente a ser seguido pelo posterior príncipe Ciro, o Jovem (c. 401 a.C.). Embora os dados sejam escassos, a atividade militar rebelde parece ter se desenvolvido nas províncias ocidentais do Império, em especial na Síria. Artasiras, um general de Dario II, foi derrotado em duas batalhas, mas foi vitorioso na terceira, depois de subornar os mercenários gregos. Arsites e Artifio foram capturados e de acordo Ctesias, embora o rei Dario quisesse perdoar seu irmão, foi convencido a executá-lo por Parisatis, sua esposa. Assim Oco tornou-se senhor único do Império e adotou o nome de Dario. Os tabletes da Babilônia não incluem na lista dos reis a Xerxes II nem a Sogdiano fazendo de Dario II o sexto rei do Império Aquemênida. Relevo de Persépolis retratando um leão devorando um touro: símbolo do ano novo (noruz) no zoroastrismo, a religião dos Aquemênidas.

Dario II era casado com sua meia-irmã, Parisatis, filha de Artaxerxes I com sua concubina Andia da Babilônia. Ela exercia muita influência sobre o Rei que com ela teve quatro filhos: Artaxerxes II, Ciro, o Jovem, Ostanes e Oxathres. Teve uma filha: Amestris. A vitória sobre seus irmãos não era uma segurança definitiva do império de Dario II. Pissuthnes, sátrapa da Lídia há pelo menos duas décadas, por razões desconhecidas se rebelou contra Dario II em 420 a.C. Contratou mercenários gregos ao fim da primeira parte da Guerra do Peloponeso (431 – 404 a.C.). O Rei enviou Tisafernes, um nobre da alta linhagem persa,  para a Lídia com a missão de provocar uma revolta entre os mercenários do Pissuthnes. Abaixo, moeda com a efígie de Tisafernes.

Tisafernes foi bem sucedido em sua missão e propôs uma negociação com Pissuthnes. Ao chegar no lugar combinado, Tisafernes o prendeu e o mandou para o Rei, que executou o sátrapa rebelde (415 a.C.). Amorges, filho de Pissuthnes, continuou a insurreição ocupando o porto de Iaso na Cária, entre Mileto e Halicarnasso. Como seu pai, Amorges recebeu o apoio dos atenienses, cujos navios frequentemente visitavam a cidade. Tisafernes recebeu ordens de Dario de suprimir a revolta de Amorges. No entanto, este dispunha de mercenários (provavelmente árcades e argivos) e enquanto Atenas estava dominando o mar, era impossível iniciar um cerco a Iaso. Isto mudou em 413 quando os atenienses foram derrotados na Sicília quando tentavam conquistá-la. Os espartanos retomaram a Guerra do Peloponeso e Tisafernes abriu negociações com eles, que acordaram um tratado em 412. O tratado mencionava especificamente que alguém que se rebelasse contra o Grande Rei seria considerado inimigo comum dos espartanos, uma advertência diretamente relacionada com a revolta de Amorges. Abaixo, facão aquemênida de ouro do século V a.C.

Os espartanos navegaram para Iaso no inverno de 412 - 411 a. C. Os moradores deixaram os navios entrar no porto por acreditar que era a frota ateniense que se aproximava. Quando perceberam o erro era tarde demais. Amorges foi preso e enviado para Tisafernes. Os mercenários gregos de Amorges mudaram de lado e a revolta foi suprimida. O eunuco Artoxares da Paflagônia que o havia ajudado Dario II a tornar-se o rei também tentou um golpe em uma data incerta (Ctesias, frag. 15,54). Além disso, o relato da insubordinação de Teritouchmes, sátrapa da Hircânia casado com Amestris, filha de Dario II, que se rebelou contra o sogro indica que apesar de sua vitória sobre seus irmãos, o trono de Dario II esteve constantemente ameaçado. Dario ordenava a seus sátrapas, Tisafernes e Farnabazo, a interferirem nas guerras gregas. Tisafernes não foi ético nas suas relações com Esparta. Durante as negociações, abriu negociações também com Atenas, na esperança de obter mais concessões. Os atenienses, no entanto, se recusaram fazer este jogo. Quando o acordo foi celebrado com Esparta, Tisafernes se recusou a enviar a marinha persa-fenícia para ajudar os espartanos, embora ele tivesse prometido fazê-lo. Desta forma, ele continuou sua política de manter os dois estados beligerantes gregos em equilíbrio. Abaixo, capitel em forma de touro extraído das ruínas de Susa, onde Dario II iniciou a reconstrução de obras.

Esta estratégia não foi apreciada por Dario e pela rainha Parisatis, que fizeram seu segundo filho, Ciro, sátrapa da Lídia e da Capadócia. Ele prosseguiu uma política incondicional de favorecimento a Esparta. Tisafernes permaneceu como sátrapa de Cária. Há evidências de problemas no Egito em 410 a.C., prelúdio da bem sucedida revolta de 404. Finalmente, no coração do império houve o esmagamento de uma revolta na Média (Xenofonte, Helênica 1.11.19) que foi seguida por uma campanha contra os cadúsios em 405 a.C. liderada por Ciro, o Jovem. Em 404, Dario II morreu na Babilônia. Em Naqsh-e Rustam há uma tumba identificada como dele (imagem abaixo). Foi sucedido por seu filho Artaxerxes II.


REFERÊNCIAS
http://www.iranica.com/newsite/
http://es.wikipedia.org/wiki/Darío_II
http://www.livius.org/da-dd/darius/darius_ii_nothus.html
http://es.wikipedia.org/wiki/Amorges
http://www.bbc.co.uk/portuguese/especial/1059_persians/page9.shtml

4 comentários:

  1. Seus arquivos estão sendo de grande ajuda. Obrigado ! Leonardo
    Estou precisando saber o que estava acontecendo
    com o povo de Israel nesta época de 420 a.C à 100 a.C. Se eles eram estavam cativos ou não. Mas não consigo achar. De qualquer forma achei muita coisa interessante aqui. Valeu !

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  2. Caro Leonardo, fico feliz em ter contribuído. Consulte o site www.airtonjo.com.Há muita coisa interessante sobre Israel. No período em questão, o povo de Israel sob o governo persa não era politicamente livre, embora tivesse libertadade religiosa. No século II a.C. sob os Selêucidas se tornaram independentes (reino da Judéia)sob a dinastia dos Macabeus até a conquista romana em 64 a.C. que abaliza a dinastia de Herodes até 70 d.C.

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  3. Como foi a passagem de Ciro a Dario? Se tiver algum link, por favor me mande.

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    1. Caro Ulisses, você pode consultar os links na barra lateral dedicados às biografias de Ciro, o Grande, Cambises e Dario, o Grande.

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