quinta-feira, 2 de maio de 2013

ARTE

A arte aquemênida era uma mistura de muitos elementos. Assim como os Aquemênidas foram tolerantes em matéria de governo e costumes locais, enquanto os persas controlassem a política geral e a administração do império, assim também eram tolerantes em arte, desde que orientada para motivos persas. Em Pasárgada (Pasargad), a capital de Ciro II e Cambises II, e em Persépolis, cidade vizinha fundada por Dario, o Grande, pode-se traçar uma origem estrangeira, em quase todos os vários detalhes na construção e embelezamento da arquitetura e os relevos esculpidos; porém, a concepção, planejamento e acabamento final são nitidamente persas. O estilo artístico aquemênida é particularmente evidente em Persépolis: Com seu cuidado proporcionado e bem organizada planta, rico ornamento arquitetônico e magníficos relevos decorativos, o palácio é um dos grandes legados artísticos do mundo antigo. Na sua arte e arquitetura, Persépolis celebra o rei e a corte do monarca refletindo a percepção de Dario de si mesmo como o líder de um conglomerado de pessoas a quem ele havia dado uma nova e singular identidade. 
Ruínas do palácio de Persépolis
Reconstituição computadorizada do palácio de Persépolis
Os Aquemênidas tomaram as formas de arte e as tradições culturais e religiosas de muitos dos antigos povos do Oriente Médio e combinou-os em uma forma peculiar. Pessoas das mais variadas nações foram empregadas com suas habilidades e tradições culturais específicas nas construções dos monumentos e palácios dos Aquemênidas. Materiais e artistas foram transportados de todos os cantos do Império, e assim os gostos, estilos, motivos se misturaram em uma arte e arquitetura eclética que se espelhou pelo Império Persa e o entendimento dos Aquemênidas era de que era assim que seu império devia funcionar. Tal empreendimento se tornou marcante e de certo modo original no mundo antigo. Da construção do palácio em Susa por Dario I, registra-se que: "...madeira Yaka foi trazida de Gandara e da Carmânia. O ouro foi trazido de Sárdis e da Báctria...pedras preciosas como o lápis-lazúli e a cornalina...foram trazidas de Sogdiana. A turquesa da Corásmia, a prata e o ébano do Egito, os ornamentos da Jônia, o marfim da Etiópia e do Sind, e da Aracósia. Os canteiros que trabalharam a pedra eram da Jônia e de Sárdis. Os ourives eram medos e egípcios. Os homens que trabalharam a madeira eram de Sárdis e do Egito. Os homens que trabalharam os tijolos eram babilônios. Os homens que decoraram as paredes eram medos e egípcios." Esse tipo de arte estatal estava numa escala de internacionalização que o mundo não havia visto antes. Materiais e artistas eram trazidos de todo o império, e assim os matizes e estilos acabaram por se misturar numa forma de arte e arquitetura eclética que por sua vez se difundiu para o resto do Império Aquemênida.
Reconstruction of the ancient palace at Susa. Note the position of the throne room, at the center of the building.
Reconstituição do palácio de Susa

Exemplos da Arte Aquemênida 
(ver também http://www.iranchamber.com/history/photo_albums/achaemenid/achaemenid_album.php)

Túmulo de Ciro II, o Grande, fundador do Império Persa

Túmulo de Ciro II tal qual seria na época aquemênida

Guerreiros persas, possivelmente os Imortais, num friso do
palácio de Dario em Susa, hoje no Louvre, França.

Copo de ouro proveniente da satrápia da Hircânia

Bracelete de ouro achado na região do rio Oxus, hoje no Museu Britânico.


Exemplares do famoso Tesouro do Oxus


Taça de ouro adornada com a cabeça de um antílope
proveniente de Ecbátana, antiga capital da Média

Esfinge alada do palácio de Dario, o Grande, em Susa


Exemplar único: vasilha em forma de peixe
Relevos de uma das imponentes escadarias de Persépolis



http://es.wikipedia.org/wiki/Dinastía_Aqueménida
http://pt.wikipedia.org/wiki/Império_Aquemênida
http://www.juserve.de/rodrigo/atlas%20historico/atlas%20historico.html
http://arteshe-iran.blogspot.com/2008/12/flags-of-iran.html
http://www.heritage-history.com/www/heritage.php?R_menu=OFF&Dir=characters&FileName=themistocles.php
http://pt.wikipedia.org/wiki/Avesta
FONTES:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Imp%C3%A9rio_Aquem%C3%AAnida
http://persepolis3d.com./data_structures/structures_01.htm
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http://oi.uchicago.edu/gallery/pa_iran_paai_per_hx/index.php/4E2_300dpi.png?action=big&size=original
http://www.heritage-history.com/www/heritage.php?R_menu=OFF&Dir=characters&FileName=themistocles.php
http://www.womeninthebible.net/1.14.Esther.htm
http://realhistoryww.com/world_history/ancient/Misc/Elam/Persepolis.htm

terça-feira, 30 de abril de 2013

SOCIEDADE

A Corte 
Os poucos informes sobre a vida na corte real testemunham que a corte parece ser uma celebração do poder do Império Aquemênida: é o lugar onde o rei vive com sua família e parentes. É também onde os nobres devem residir, onde são tomadas decisões administrativas e políticas, onde os sátrapas são chamados ou recebidos. O rei aquemênida se move periodicamente entre as várias residências reais acompanhado pela corte e os seus vários serviços. Ao viajar, o rei vive em uma tenda muito luxuosa erguida no meio do campo e ornada com símbolos distintivos de sua realeza. A vida na corte real parece ser governada por regras de etiqueta muito rígidas. O Rei está rodeado por altos funcionários da corte, encarregados de lidar com os mais diversos assuntos e se reportar a ele diretamente. Uma grande equipe também é responsável pelo atendimento das audiências. De fato, os peticionários e suplicantes vêm à porta do rei. Esses visitantes transmitem suas mensagens para os guardas ou emissários, e são recebidos diante do rei quando convocados. Qualquer um se aproximar do rei sem ser chamado é condenado à morte. Isso é bem testemunhado do pelo relato do livro de Ester que se passa dentro do contexto da corte aquemênida: “Todos os servos do rei e o povo das províncias do rei sabem que, para qualquer homem ou mulher que, sem ser chamado, entrar no pátio interior para avistar-se com o rei, não há senão uma sentença, a de morte, salvo se o rei estender para ele o cetro de ouro, para que viva; e eu, nestes trinta dias, não fui chamada para entrar ao rei” (Ester 4.11).
Audience scene
Reconstituição de episódio da corte persa a partir dos relevos de Persépolis
O rei geralmente tomava suas refeições sozinho por razões de segurança. Em banquetes, os convidados são cuidadosamente escolhidos, tanto para testemunhar os favores do rei como para garantir sua segurança. Autores gregos ficaram muito impressionados pelo luxo e pela pompa dos banquetes da corte. Heródoto (484 – 425 a.C.) em sua obra História menciona que os persas eram dados a festas de aniversário, nas quais haviam muitas sobremesas, um costume que Heródoto reprovou aos gregos por não tê-lo em suas refeições. Ele também observou que os persas bebiam muito vinho e mesmo bêbados se aconselhavam e deliberavam sobre assuntos importantes, mas decidiam no dia seguinte, quando sóbrios, como agiriam ou não sobre o deliberado. Os alimentos e víveres do rei são transportados separadamente, como os Imortais (elite persa da guarda real), tendo a função de mordomo grande importância. O judeu Neemias era copeiro do rei (Neemias 1:11) função de grande confiança e responsabilidade já que provava as bebidas do rei antes de oferecê-las ao monarca.

Neemias como copeiro do rei persa  por William Brassey Hole (1846-1917)

Os médicos também desempenham um papel importante na comitiva real. Próximos do rei como o mordomo, é fácil para eles para envenenarem o monarca. Estas funções são, portanto, destinadas a pessoas de sua confiança. Os médicos reais são principalmente grega e egípcia. O serviço do rei e princesas reais exige inúmeros eunucos. Seu papel é cuidar de câmara do rei e das princesas. Eles são normalmente originários dos países submetidos, e o seu status é semelhante ao de escravo, embora a sua intimidade com o rei lhes de um estatuto especial. Muitos autores antigos dizem-nos que o rei, e outros personagens, praticam a poligamia e têm muitas concubinas. As rainhas e princesas, e todas as mulheres em geral têm apartamentos privados. Concubinas vivem em uma "casa de mulheres", depois de passar uma noite com o Grande Rei e permanecer com ele. Deve-se, todavia, evitar a transposição do harém como visto na corte otomana pelos europeus para a corte aquemênida. As princesas têm maior autonomia, como evidenciado pelos tabletes de Persépolis. Eles também gerenciam sua terra, sua casa, ou suas oficinas. A caça é, provavelmente, o passatempo favorito dos reis. Ela apresenta a vantagem de ser uma boa preparação física para o nobre jovem, e um evento em que ele pode mostrar a sua coragem, habilidade e poder. A caça é praticada nos pairidaeza (de onde vem nossa palavra paraíso, que significa literalmente “lugar cercado”), isto é, grandes parques de área cercada. Estes jardins são lugares de descanso e lazer, organizadas por horticultores, e enormes reservas de caça.

A Aristocracia
Sociedade persa é muito hierárquica, organizada em torno de famílias aristocráticas, cada uma encabeçada por um chefe de família e o rei é o chefe de todos. Os homens dessas famílias ocupam os mais altos cargos na administração da corte real, nas satrápias e no exército. Eles são de fato os principais beneficiários da riqueza acumulada pelo império, porque eles controlam o fluxo e desfrutam de prioridade na generosidade dos reis, embora esta posição pode ser precária. Esses personagens estão ligados por laços de sangue ancestral reforçados por alianças matrimoniais, formando uma grande "família" que preside o destino do império. Os mais poderosos, incluindo o rei e os sátrapas, ligam-se pessoalmente com outros aristocratas que se tornam sua bandaka, termo complexo que envolve submissão e lealdade e repressão implacável à traição. Em seus métodos de saudação, afirma Heródoto, que o beijo na boca era dado entre iguais; nas pessoas com alguma diferença de classe o beijo era na bochecha e as classes mais baixas se prostravam no chão para membros das classes superiores. Abaixo, ilustração de estrangeiros se prostrando ante o Grande Rei.
No topo do império, a relação entre o rei e a elite é complexa, baseada na integração de grandes famílias na hierarquia real e na captação dos lucros do império em troca de sua lealdade, e também em uma cultura comum (especialmente com base na língua, na religião, na educação aristocrática) que nunca procurou se estender a outras pessoas. Este sistema tem se mostrado muito resistente e forte, apesar de vários choques. Várias fontes escritas fornecem informações sobre a educação dos jovens aristocratas persas, que lhes dá o background cultural de "classe étnica dominante”. Embora a educação seja, em princípio, aberta a todos os persas, as crianças das classes trabalhadoras permanecem fora desse sistema, que é reservado para a elite. Mesmo as melhores famílias enviam seus filhos para serem educados na corte real para melhor prepará-los para exercer funções administrativas e militares de alta categoria, de modo a tornarem-se fiéis servos do rei. De acordo com os textos conhecidos, parece que a educação de jovens nobres aquemênidas começava aos cinco anos e tem a duração de dez a vinte anos, dependendo das fontes. Estrabão diz que os jovens se exercitavam na academia, treinavam com arco, flecha, lança e funda, e aprendiam a plantar árvores, coletar plantas e fazer roupas e redes. Xenofonte relata que a educação também incluía uma parte para desenvolver seu senso de justiça, obediência, paciência e auto-controle; Heródoto afirma que eles aprendiam a "falar a verdade"
Ilustração de aristocratas persas

Ética e Costumes
O Império da Pérsia, que no auge do seu poder tinha mais de 23 nações sob o seu controle, primava por constituir-se sobre os princípios básicos da verdade e da justiça, princípios que norteavam a cultura aquemênida. Com base, conforme a evidência disponível, na doutrina de Zaratustra (Zoroastro), que tinha forte ênfase na honestidade e integridade, os Aquemênidas tinham credibilidade diante dos antigos persas para governar o mundo, mesmo aos olhos das pessoas pertencentes às nações conquistadas (exceto pelas rebeliões frequentes de jônios, citas, egípcios que resistiam a imposição de uma soberania estrangeira). A tolerância dos Aquemênidas para com a cultura e religião dos povos conquistados (ilustrada na libertação dos judeus do exílio na Babilônia) também contribuíram para a contínua aceitação de sua soberania. Abaixo ilustração de Gustave Doré retratando o rei Ciro II da Pérsia devolvendo os vasos do templo de Jerusalém aos judeus.

Dizer a verdade era um dos princípios da Pérsia aquemênida; o dito “verdade pelo bem da verdade” foi o mote universal e o cerne da cultura da Pérsia, que foi seguido não apenas pelos grandes reis, mas mesmo os persas comuns, que faziam questão de aderir a este código de conduta. Indícios arqueológicos em Persépolis evidenciam o amor da sociedade aquemênida pela verdade. Nesses indícios, 72 destes nomes de funcionários públicos e trabalhadores comuns contêm a palavra 'verdade' (arta em persa antigo). Durante seu reinado Dario, o Grande, decretou a Ordenança das Boas Normativas abordando a luta constante contra a mentira. Reza parte do texto: "Eu não fui um seguidor da mentira. Eu não fiz o mal ... De acordo com o bem me comportei. Nem aos fracos nem aos poderosos fiz mal. Ao homem que me ajudou com minha casa, recompensei bem; aquele que me feriu, puni bem." A mentira, druj, era considerada um pecado capital e era punida com a morte em alguns casos extremos. É sabido que os alto dignitários praticavam a poligamia e que os reis aquemênidas tinham mais de uma consorte, embora tivessem uma rainha principal. É debatido, desde a Antiguidade, se os persas adotavam certo grau de homossexualismo, principalmente se os reis e nobres praticavam a pederastia.

Pórtico norte do alojamento da rainha em Persépolis


Idiomas
Durante o reinado de Ciro II (559 – 530) e de Dario I (522 – 486), a sede do governo era em Susa no Elam e o idioma oficial da corte era o elamita, embora o persa antigo não tenha sido de todo esquecido, principalmente no oeste do Irã. Evidências arqueológicas testemunham textos elamitas acompanhados de traduções em persa e acadiano. É provável, portanto, que embora o elamita tenha sido usado pelo governo central em Susa, não era uma linguagem padronizada do governo em todo o império. O uso do elamita não é atestado após 458 a.C. Por fim o aramaico como falado na Mesopotâmia, se não se tornou a língua estatal, tornou-se a língua franca do Império Aquemênida tal qual o inglês modernamente. O uso do aramaico como língua franca do império permitiu sua maior unidade, embora convivesse com os vários idiomas e dialetos dos povos dominados. A Inscrição de Behistun de Dario I foi escrita em persa antigo, acadiano e elamita. Essas inscrições em várias línguas permitiram aos estudiosos decifrarem a antiga escrita cuneiforme da Mesopotâmia. 
File:Inscription of Xerxes, Van, 1973.JPG
Inscrição trilíngue de Xerxes I em Van, Turquia:
persa, acadiano e elamita

Religião
Foi durante o período dos Aquemênidas que o zoroastrismo atingiu o sudoeste do Irã, onde veio a ser aceito pelos governantes e através deles se tornou um elemento integrante da cultura persa. Essa religião deriva-se dos ensinos de Zaratustra, profeta persa do século VII a.C., também conhecido como Zoroastro. O zoroastrismo trouxe uma formalização dos conceitos e das divindades tradicionais do panteão indo-iraniano bem como introduziu novas idéias, incluindo a do livre-arbítrio. De acordo com historiadores da religião, algumas das suas concepções religiosas, como a crença no paraíso, na ressurreição, no juízo final e na vinda de um messias, viriam a influenciar o judaísmo, o cristianismo e o islamismo. Tem seus fundamentos fixados no Avesta e tem duas divindades principais (dualismo), representando o Bem (Ahura-Mazda) e o Mal (Arimã), de cuja luta venceria o Bem. Segundo a evidência disponível, mas não conclusiva, sob o patrocínio dos reis da Pérsia que o tornaram religião da corte (mas não imposta aos súditos), o zoroastrismo atingiu todos os cantos do Império (Para maior esclarecimento do Zoroastrismo no período aquemênida veja-se http://www.livius.org/ag-ai/ahuramazda/ahuramazda.html. Abaixo ilustração do Faravahar, símbolo do zoroastrismo, que representa o estado da alma antes do nascimento e depois da morte.
Durante o reinado de Artaxerxes I e Dario II, Heródoto escreveu que os persas não tinham imagens dos deuses, nem templos, nem altares e consideravam o uso desses mecanismos religiosos como algum sinal de desatino, embora reverenciassem como divindades (yazatas) o sol, a lua, a terra, o fogo, a água e os ventos. Heródoto acreditava que tal postura se devia ao fato dos persas imaginarem a natureza divina diversa da humana, o que contrasta com o pensamento mitológico grego. Beroso, sacerdote e estudioso babilônico do século III a.C., registra que Artaxerxes II foi o primeiro rei aquemênida a fazer estátuas das divindades e tê-las colocado em templos em muitas das principais cidades do Império. Beroso também testifica junto com Heródoto, que os persas não tinham imagens de deuses até que Artaxerxes II erigiu essas imagens. Heródoto também observou que "nenhuma oração ou oferta pode ser feita sem a presença de um mago", mas isso não deve ser confundido com o que hoje é compreendido pelo termo ‘mago’, que vem do persa magupat e designava um sacerdote do Zoroastrismo.
File:Persepolis - carved Faravahar.JPG
Representação de Ahura Mazda, deus supremo dos Aquemênidas
Os magos, que eram na verdade de origem meda, tinham um sacerdócio hereditário e eram responsáveis por todos os rituais e cultos religiosos. Casavam dentro do seu grupo e expunham os corpos dos mortos às aves de rapina, duas práticas que viriam a ser adotadas pelos zoroastrianos. Porém, os cadáveres dos reis não tinham esses destino sendo antes enterrados e com esplendor. Se debate, portanto, o grau de zoroastrismo praticado no Império Aquemênida. Os sacerdotes recuperam os antigos sacrifícios e o uso do haoma (planta sagrada). Os Amesha Spentas, inicialmente extratos do pensamento de Zaratustra, foram personalizados e antigas divindades passaram a ser adoradas. O livro sagrado é o Avesta que data de 500 a.C. A base do Avesta é um conjunto de hinos (ou gathas) que falam do deus criador Ahura Mazda e inclui:
Yasna: liturgia
Khorda Avesta: preces comuns
Visperad: liturgia
Vendidad: mitos, observâncias religiosas.
Essencial à compreensão da religião persa zoroástrica é o dualismo: a eterna luta do bem, representado pelo deus Ahura Mazda, contra o mal, representado por Arimã. É uma religião henoteísta, isto é, reconhece a existência de outros deuses, mas venera somente a um. Durante este período foi também criado o calendário zoroastriano e desenvolveu-se o conceito do Saoshyant, segundo o qual um descendente de Zarastustra, nascido de uma virgem, viria para salvar o mundo.

FONTES:
http://fr.wikipedia.org/wiki/Ach%C3%A9m%C3%A9nides
http://persianthings.wordpress.com/2013/02/07/the-royal-court-in-achaemenid-persia-a-few-thoughts/
http://www.1st-art-gallery.com/William-Brassey-Hole/Nehemiah-Makes-His-Petition-To-Artaxerxes.html
http://www.livius.org/pen-pg/persepolis/persepolis_queen.html
http://es.wikipedia.org/wiki/Dinastía_Aqueménida http://pt.wikipedia.org/wiki/Império_Aquemênida http://www.juserve.de/rodrigo/atlas%20historico/atlas%20historico.html http://arteshe-iran.blogspot.com/2008/12/flags-of-iran.html http://en.wikipedia.org/wiki/Shah http://oi.uchicago.edu/gallery/pa_iran_paai_per_hx/index.php/4E2_300dpi.png?action=big&size=original http://www.heritage-history.com/www/heritage.php?R_menu=OFF&Dir=characters&FileName=themistocles.php http://pt.wikipedia.org/wiki/Avesta
http://pt.wikipedia.org/wiki/Zoroastrismo#A_.C3.A9poca_aquem.C3.A9nida
http://pt.wikipedia.org/wiki/Imp%C3%A9rio_Aquem%C3%AAnida

SISTEMA DE GOVERNO

A Centralidade dos Persas
O Estado aquemênida era multinacional. Do ponto de vista geográfico, a Pérsia (atual província de Fars no Irã) era o centro do império. Ainda que dominando muitos povos, a força do Império Aquemênida estava no povo persa de onde eram oriundos os reis (que sempre se orgulharam de sua origem persa). Os persas eram a classe étnica dominante consolidada pela pertença a tribos e clãs comuns bem como pela mesma língua e religião, a qual não tentaram impor a seus súditos. Os persas eram isentos de impostos, mas eram massivamente empregados no exército e na alta administração. A origem persa, e mais geralmente ariana (isto é, iraniana), era repetidamente enfatizada para o rei, sua linhagem e descendência bem como para o deus supremo dos Aquemênidas, Ahura Mazda, que é chamado de deus dos arianos. Depois dos persas, os medos (de origem étnica ariana) também eram muito bem empregados na administração e no exército.
Um medo (esquerda) e um persa (direita):
As classes étnicas dominantes do Império Aquemênida
O Rei dos Reis
A autoridade máxima do Império Persa era o rei (em persa antigo kshayathiya). Devido à vastidão de seus domínios e de estarem tantos povos e seus respectivos reis sob a autoridade do grande rei (kshayathiya vazraka) este era chamado de kshayathiya kshayathiyanam, isto é, rei dos reis. O melhor equivalente moderno para o pleno sentido da expressão é a palavra imperador. A realeza no Império Persa era aparentemente hereditária dentro da dinastia aquemênida. Ter o sangue aquemênida era um fundamento essencial para a realeza e não é de admirar que os reis reiterassem o termo haxāmanišiya ("um aquemênida”), ainda que em último lugar, como elemento de sua titularia régia. A sucessão parece ter sido resolvida por designação do rei (Heródoto 7.2.1). Normalmente, o herdeiro era o filho primogênito, e somente por meio de exceção (cf. Plutarco, Artaxerxes 2.4) o primeiro filho nascido após a ascensão ao trono. Historiadores indicam que a partir de Dario I e de Artaxerxes II uma espécie de sinarquia (a corregência de pai e um de seus filhos) parece ter sido costume. Eleição do rei por parentes das famílias persas mais ilustres (como no caso de Dario I, quando a sucessão não se deu automaticamente) aparentemente não foi a regra. Os reis aquemênidas não eram considerados deuses, apesar do dramaturgo grego Ésquilo (Os Persas 157) se referir a rainha Atossa como “esposa de um deus [Dario]” e "mãe de um deus [Xerxes]". Embora não fossem considerados como tendo origem divina (como alguns reis gregos e macedônios), uma base fundamental de seu reinado ao lado do princípio genealógico é a teoria do direito divino dos reis.
Relevo do palácio de Dario I retratando uma cena típica da corte persa : um nobre (Farnaces) se
prostra diante do Grande Rei (Dario I) enquanto o herdeiro real (Xerxes I) está atrás do trono
O rei era considerado sagrado e vigário da Divindade pelas diversas religiões do Império; sua aparição pública era rara e era considerada benfazeja. O kshayathiya kshayathiyanam era o mantenedor de arta, isto é, a boa ordem do mundo. A importância de sua posição era tamanha que sua sucessão era sempre turbulenta, onde seus filhos e usurpadores procuravam alcançar o poder máximo no maior império que o mundo havia visto até então. Numa visão religiosa, os Aquemênidas eram reis pela graça de Ahura Mazda (vasna Auramazdāha), seu deus supremo. Esse deus "concedeu o império" (xšaçam frābara) sobre os reis. Estas e outras expressões mostram que o governo dos Aquemênidas é legitimado pelos deuses, e o rei é investido por eles, ou seja, ele é o seu eleito e seu representante na terra. Ele é o intermediário entre Ahura Mazda e os homens para alcançar o triunfo do bem sobre o mal, como mostrado muitos baixos-relevos de Behistun em que os rebeldes são vistos como manifestações de mentiras e são punidos pessoalmente pelo rei já que é seu dever fazer justiça. Para cumprir este papel, ele foi divinamente agraciado com inteligência superior e um julgamento infalível. Ele também é um guerreiro consumado, capaz de lidar com o arco, lança e montar cavalos. As qualidades de luta dos reis frequentemente são encontradas em suas representações nos selos ou moedas, ilustrando sua posição como vencedor na caça e na guerra. A ligação entre o rei e o mundo divino reflete-se também na sua função sacerdotal, quando fazia regulares sacrifícios na Pérsia  destinados principalmente às divindades iranianas
A realeza aquemênida era divinamente respaldada: Ahura Mazda  abençoa a
ascensão e vitória do rei Dario I sobre seus inimigos (Relevo de Behistun, Irã)
Os reis aquemênidas dirão que Ahura Mazda os "fez reis, o rei de muitos, o senhor de muitos" (cf. Ésquilo, Os Persas 762f.). Isto significa, ao mesmo tempo, que o rei persa não era um primeiro entre iguais, mas sim um governador soberano, que concentrava em sua pessoa todo o poder como supremo senhor e juiz da paz e da guerra e, portanto, muito acima seus súditos. O rei estava acima da lei e permitido fazer o que quisesse (Heródoto 3.31.4). O poder, influência e o papel desempenhado por um conselho (de sete?) das mais distintas famílias persas (que podem ter tido certos privilégios, cf. Heródoto 3.84.2), quando as coisas essenciais tinham que ser decididas (por exemplo, para estabelecer a comunidade judaica em Jerusalém [Esdras 7:14-28] ou ir contra os gregos [Heródoto 7.8ff.]), pode ter sido maior no inicio do reino persa do que em anos posteriores ou durante o reinado de um rei poderoso. Como representante dos deuses, o rei era sagrado, e à sua pessoa foi adicionada a farnah, uma espécie de esplendor divino ou carisma real.
Reconstituição de relevo que mostra um rei persa adorando a Ahura Mazda
 bem como sua supremacia sobre seus súditos
A cerimônia da tomada de posse dos reis aquemênidas segundo Plutarco (Artaxerxes 3.1-2) era realizada pelos sacerdotes persas em Pasárgada no templo de uma deusa da guerra comparável à deusa grega Atenas, onde o rei tirava suas próprias roupas, colocava as antigas usadas por Ciro, o Grande, antes de ele se tornar rei, comia pistaches e uma barra de figos secos,e bebia um copo de leite azedo. As insígnias reais são o trono, o cetro longo na mão direita e a flor de lótus na esquerda, os pés retos, tiara púrpura (cf . Arriano 3.25.3) ou como uma espécie de capacete militar, a coroa com ameias (cf. o relevo de Bisotun e várias moedas e selos), determinadas roupas reais, e também sapatos lisos, sem laços.
O rei aquemênida e suas insígnias reais
Para expressar seu ofício e grandeza o rei (kshayathiaya) alarga sua titularia. Ele é o grande rei (kshayathiya vazraka, conforme a titularia de origem acadiana, sharru Rabu), o rei dos reis (kshayathiya kshayathiyanam, conforme os reis de Urartu) e o rei dos países (kshayathiya dahyūnām) como muito usado nas cortes mesopotâmicas e que demonstra a reivindicação que o Aquemênidas faziam de ser herdeiros dos antigos impérios mesopotâmicos e medo. Os Aquemênidas variavam esses títulos para expressar a grandeza de seu império (“rei dos países que contém muitas raças”, “rei desta grande terra e das distantes”, etc.). Eles também adotaram a titularia real de muitos países que conquistaram  “rei de Acade”, “rei do Alto e Baixo Egito”, etc. Estas fórmulas manifestam a pretensão de reconhecimento dos Aquemênidas como legítimos sucessores dos reis desses países.
Visão panorâmica dos túmulos reais aquemênidas em Naqsh-e Rostam, Irã

As Capitais Aquemênidas
O centro de controle do império é onde está o rei com sua comitiva. Especificamente, os reis persas tomaram o hábito dos reis que os precederam de residirem em complexos palacianos e tinham vários em que residiam periodicamente. A capital inicial da dinastia pode ter sido Anshan (Tell-e Malyan em Fars) antiga cidade elamita e primeira dominação dos Aquemênidas. A primeira capital do império foi Pasárgada (o "campo dos persas") e seu tradicional local de coroação. Outras cidades foram: Ecbátana, antiga capital da Média e atual Hamadan; Babilônia, antiga capital de vários reinos na Mesopotâmia; Susa, a principal capital, antiga cidade elamita; Persépolis (“cidade dos persas”), capital religiosa e cerimonial, onde se celebravam as festas de Ano Novo. Autores gregos relatam que os reis aquemênidas transferiam a capital de acordo com a estação: no inverno, os reis iam para Susa, no verão para Ecbátana, no outono para Persépolis e no resto do ano passavam na Babilônia. Outros lugares que simbolizam o poder real no centro do império são os túmulos reais. O de Ciro, o Grande, fundador do império, está em Pasárgada, onde os reis eram coroados. Seus sucessores escolheram a forma de túmulos de pedra, localizados primeiro em Naqsh-e Rostam e em seguida nas proximidades de Persépolis.
File:Map Achaemenids Capitals locations.png
As principais cidades aquemênidas


As Satrápias
 O Império Persa foi organizado sob um sistema de satrápias (províncias). A satrápia (do antigo persa kshathra: reino, país, província) era uma unidade administrativa, geralmente organizada numa base geográfica. O sátrapa (em persa antigo kshathrapavan: “protetor de uma região, de um reino”, isto é, governador) administrava a região, o general supervisionava o recrutamento militar e a assegurava a ordem e um secretário de Estado mantinha os registros oficiais. O general e o secretário de Estado se reportavam diretamente ao Rei. A administração em satrápias, criada por Ciro II e Cambises II, resolvia o problema da divisão territorial e da unidade governamental no vasto do Império Aquemênida. Embora os persas e medos detivessem os principais cargos políticos e militares, os Aquemênidas contavam com as lideranças nativas e tradicionais dos povos conquistados em sua administração. A satrápia fazia parte de uma estratégia para estabelecer a dominação de uma ideologia que envolvia a colaboração com as estruturas de poder locais. Os conquistadores aquemênidas buscavam parecer mais como protetores das tradições e santuários do que como perturbadores. As elites locais são, portanto, associadas ao funcionamento do novo império. Os sátrapas são nomeados pelo rei por tempo indeterminado e são governadores e não reis tributários. Eles são os principais responsáveis pelo policiamento na província, por ter uma força militar estacionada em guarnições, e devem garantir a paz entre os vários componentes políticos do território sob sua jurisdição .
Texto da inscrição de Behistun que relaciona as primeiras 20 satrápias
do Império Aquemênida nos dias de Dario, o Grande

 Eles também são responsáveis pela coleta de tributos e impostos bem como pela justiça. Eles também têm o poder de negociar com os estados vizinhos e fazer guerra. Esses príncipes são geralmente escolhidos entre os medos e persas e são um instrumento fundamental de seu controle sobre o império, mesmo entre os príncipes reais. No entanto, os sátrapas eram submetidos a inspeções por parte de representantes reais chamados de "os olhos e ouvidos do rei" (ver o interessante texto de Jona Lendering em http://www.livius.org/es-ez/eyes/eyes.html). Estes inspetores viajam por todo o império, juntamente com tropas suficientes caso seja necessário uma intervenção drástica. Suas visitas não são anunciadas e relatam o que vêem diretamente ao rei. No entanto, alguns sátrapas mostraram desobediência ao poder real, comportando-se como verdadeiros reis. Com o tempo, o poder interno do Império Aquemênida, de fato, mudou-se para os sátrapas. Nas satrápias menores, os Aquemênidas geralmente mantiveram as instituições existentes. Assim, as cidades gregas e fenícias mantêm as suas instituições (em alguns casos, seus reis), bem como as cidades da Babilônia e os templos têm um papel administrativo. No Egito, a antiga divisão provincial em nomos se manteve na base da administração persa. As posições-chave (militar, fiscal e legal) ficaram nas mãos dos persas, mas as outras posições são ocupadas por nativos.

As Forças Armadas
As principais divisões das forças armadas aquemênidas eram a infantaria, a cavalaria e a marinha. Devido à grande diversidade étnica e cultural das nações submetidas ao Império, à sua grande extensão geográfica, às constantes disputas por poder, se fez necessário a criação de um exército profissional para a manutenção da paz e da ordem. O exército persa seguiu o modelo dos impérios antecessores, especialmente o dos assírios, como também incorporou elementos egípcios e elamitas, embora agregasse suas próprias tradições militares.  A aristocracia recebe uma educação visando a preparação para as atividades de guerra. A elite do exército persa é constituída por um corpo de 10.000 guerreiros conhecidos como os Imortais, dentre os quais estavam os guardas dos palácios reais. Em tempo de guerra, o exército era ampliado pelas tropas de conscritos levantadas entre os diversos povos do império. Este exército era dividido em unidades nacionais e equipado de acordo com seus costumes nacionais, sendo os persas e os medos o coração do exército e uma grande quantidade de mercenários era contratada especialmente, no final do período aquemênida, os gregos. O exército tinha guarnições permanentes em todo o Império, comandados por oficiais persas. As guarnições foram colocadas em pontos estratégicos: os fortes nas principais estradas do Império, fronteiras ou até mesmo em colônias militares (como Elefantina entre a fronteira egípcia e a Núbia).
Ilustração de guerreiros persas
Ciro II conseguiu criar um exército terrestre forte, mas acabou morrendo  antes de ter a chance de desenvolver uma força naval. Uma marinha real foi criada por Dario, o Grande, o que permitiu que os persas pudessem manter seu controle sob os diversos mares que banhavam seu império (o mares Mediterrâneo, Negro, Egeu, do Golfo Pérsico e do oceano Índico. Em sua fundação, o Império Aquemênida foi principalmente um domínio terrestre, com um forte exército, porém desprovido de forças navais. No século V a.C., uma vez que os persas enfrentaram os gregos e egípcios, que tinham uma marinha forte, Dario investiu numa frota persa, inaugurando o que se conhece como a primeira marinha estatal regular da História. Os marinheiros desta armada não vinham da Pérsia propriamente dita, mas em sua maioria eram fenícios (a maior parte de Sídon), egípcios, cipriotas e gregos. Inicialmente os navios eram construídos em Sídon, pelos fenícios, mas logo outros estados aquemênidas começaram a construir seus próprios navios, com suas características locais. As frotas persas também abririam as portas para o comércio com a Índia, através do Golfo Pérsico. Além dos mares, os persas também tinham navios de menor capacidade (100 a 200 soldados) patrulhando os diversos rios do império, incluindo o Shatt-al-Arab, o Tigre e o Nilo, bem como a bacia do Indo, na Índia. Os Aquemênidas estabeleceram grandes bases navais ao longo do Shatt-al-Arab, no Bahrain, Omã e Iêmen. A marinha de Dario foi aprimorada no reinado de Artaxerxes II, em 397 a.C., quando uma armada formidável seria construída, que levaria até sua vitória decisiva em Knidos, no ano de 394 a.C., restabelecendo o domínio aquemênida na Jônia. Artaxerxes II também utilizaria sua enorme marinha para debelar uma rebelião no Egito. Xenofonte relata a criação de uma gigantesca ponte militar com a união de 37 navios persas sobre o rio Tigre. Os reis Dario I e Xerxes I utilizaram-se desses "navios-ponte" em suas campanhas militares. Anos mais tarde, quando Alexandre, o Grande, invadiu a Pérsia, antes de avançar para a Índia, utilizou-se de documentos militares persas, e fez com que lhe construíssem uma ponte de navios semelhante no rio Indo, na Índia, em 327 a.C.
Navio persa

Administração Geral
Durante o reinado de Dario I houve uma codificação dos dados, um sistema jurídico universal sobre o qual muito mais tarde do direito iraniano seria baseado, e a construção de uma nova capital em Persépolis (Parsa), onde estados vassalos iam oferecer seu tributo anual no festival comemorativo do equinócio de primavera. Os impostos visam a manutenção da administração, da segurança e também o enriquecimento da corte aquemênida. Riqueza nas sociedades antigas é principalmente o resultado da produção agrícola e, portanto, o governo e as elites persas se apropriaram desse recurso essencial que foi a base de sua riqueza. As terras da coroa também existiram por todo o império e foram concedidas aos membros da família real e de altos dignitários. O Estado organiza a divisão de certas terras para financiar as tropas, que receberam uma quantidade proporcional de terra para o equipamento necessário para a sua manutenção, uma vez que era de arqueiros, cavaleiros e carros, mesmo que isso não esteja claro se essas terras são responsáveis ​​por pagar o suficiente para financiar a unidade militar ou manter diretamente uma unidade que lhe é  atribuída.
Súditos entregando tributos ao rei persa como registrado em Persépolis
O ouro e dinheiro arrecadados vão se juntar ao tesouro real (ganzá em persa antigo ) de Susa , Ecbátana ou Persepolis. Além do tributo, as populações do império também podem ser obrigadas a fazer tarefas (incluindo a manutenção de canais) ou alojamento e manutenção da corte do rei, o sátrapa ou diretores, ou de imposições excepcionais. A prática da escravidão na Pérsia era geralmente proibida, embora haja evidências de pessoas de povos conquistados ou exércitos rebeldes que foram vendidos em cativeiro. O Zoroastrismo, a religião oficial do império, proíbe explicitamente a escravidão e os reis da Pérsia seguiram esta proibição em graus variados, como evidenciado pela libertação dos judeus na Babilônia e a construção de Persépolis por trabalhadores pagos. Abaixo, ruínas do palácio de Persépolis visitadas por turistas.
Dario organizou a economia em um sistema de cunhagem de prata e ouro. O comércio era extenso e sob os Aquemênidas havia uma infra-estrutura eficiente que facilitava a troca de mercadorias até nos confins do império. As tarifas sobre o comércio foi uma das principais fontes da receita do Império Persa, juntamente com a agricultura e os tributos. O Império estava organizado em vinte e três satrápias que estavam ligadas por uma estrada de 2.500km, a Estrada Real de Susa (no Elam, atual sudoeste do Irã) a Sardes (na Lída, atual oeste da Turquia), construída por ordem de Dario I. Se diz que mensageiros montados a cavalo poderiam chegar a mais remota das áreas em quinze dias. Além disso, os Aquemênias exploraram as vias marítimas e fluviais intensificando assim o comércio e a integração político-cultural do império. O grego Escílax de Carianda (Cária na Ásia Menor) foi enviado pelo rei persa Dario I para explorar o curso do rio Indo. Escílax e os seus marinhos desceram rio até atingirem o mar; depois navegaram pelo oceano Índico até o mar Vermelho, circunavegando a Arábia. Dessa viagem vem a primeira notícia sobre a Índia conhecida no Ocidente.
A viagem de Escilax de Carianda

Em vários aspectos, o modelo de governo aquemênida reflete uma abordagem pragmática e relativamente descentralizada de dominação. Ele permite a adaptação das estruturas e hábitos das províncias, trazendo suas elites para o exercício do poder e dando-lhes uma relativa autonomia (nunca deixando a posição de subordinação ao poder central). Assim, não é um governar pelo terror (como assírios e, em menor medida, os babilônios) ou a implantação de uma cultura homogênea que acompanha o projeto imperial. Isso é evidenciado pelo fato de que a religião e a língua dos persas não foram impostas aos povos dominados, que as crenças e templos locais tiveram certo apoio estatal e o aramaico é usado como a língua franca do império, porque ele já estava em uso nos impérios da Assíria e da Babilônia. No campo do direito, a mesma abordagem é evidente: tradições jurídicas locais parecem preservadas, como evidenciado pelo fato de que Dario I, o Grande, encabeça uma codificação das leis egípcias. Mas a supremacia judicial era para os representantes do poder aquemênida, e ao rei supremamente.
Reconstituição do palácio de Apries, centro administrativo aquemênida no Egito
 O filósofo alemão Georg W. F. Hegel, em sua obra Filosofia da História, descreve o Império Persa como "um império no sentido moderno - como o que existia na Alemanha, e aquele grande reino imperial sob o jugo de Napoleão; pois vemos que ele consistiu de diversos estados, que eram de fato dependentes, porém que mantiveram suas próprias individualidades, seus costumes, e suas leis. Os decretos gerais, que vigoravam da mesma maneira para todos, não violavam suas idiossincrasias políticas e sociais, mas até mesmo as protegiam e mantinham, de modo que cada uma das nações que constituía o todo tinha sua própria forma de constituição. Da mesma maneira que a luz ilumina tudo, dando a cada objeto uma vitalidade peculiar, o Império Persa se estendia sobre uma infinidade de nações, e dava a cada um seu caráter específico. Alguns até mesmo tinham seus próprios reis; cada um tinha seu próprio idioma, armas, modos de vida e costumes. Toda esta diversidade coexistia harmoniosamente sob o domínio imparcial da Luz... uma combinação de povos no qual cada um era livre, pondo assim um fim à barbárie e à ferocidade com que as nações estavam habituadas a empreender suas contendas destrutivas."
No entanto, é um exagero considerar os Aquemênidas e, especialmente, Ciro II como precursores da tolerância religiosa ou mesmo os direitos humanos, noções anacrônicas no contexto do Império Aquemênida, particularmente após as interpretações do famoso cilindro de Ciro que realmente coloca o rei persa na antiga tradição babilônica, mostrando que ele não está lá para perturbar as tradições locais e, sobretudo, o poder de seus grandes templos. Pelo contrário, parece que, enquanto a sua autoridade e demandas de recursos forem atendidas, o poder aquemênida não é intrusivo e permite um grau significativo de autonomia, e somente os rebeldes sofrem medidas realmente coercitivas e punitivas, usando tais práticas de terror e destruição como seus antecessores, como evidenciado pelo testemunho da repressão das revoltas em Jônia, Babilônia e Egito.
File:Cyrus Cylinder.jpg
O Cilindro de Ciro, o Grande, testemunho da tolerância
 e do pragmatismo do governo aquemênida

 FONTES:
http://fr.wikipedia.org/wiki/Ach%C3%A9m%C3%A9nides
http://en.wikipedia.org/wiki/Achaemenid_Empire
http://fr.wikipedia.org/wiki/Fars
http://www.iranicaonline.org/articles/achaemenid-dynasty
http://www.iranchamber.com/art/articles/art_of_achaemenids.php
http://karenswhimsy.com/ancient-persia.shtm
http://www.studyblue.com/notes/note/n/ancient-near-east/deck/4661972
http://www.livius.org/be-bm/behistun/behistun-t02.html#1.9-17
http://klio.uoregon.edu/im/ane/Apadana%20-%20Gabenbringer%202.jpg
http://www.yachtworks.info/en/skylax.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Esc%C3%ADlax_de_Carianda
http://www.digitalegypt.ucl.ac.uk/3d/pictures/memphis05.jpg
http://pt.wikipedia.org/wiki/Imp%C3%A9rio_Aquem%C3%AAnida
http://parsiandej.ir/webhaa/ahura/2013/03/%D8%B3%D8%B1%D8%A8%D8%A7%D8%B2%D8%A7%D9%86-%D8%A7%DB%8C%D8%B1%D8%A7%D9%86-%D8%A8%D8%A7%D8%B3%D8%AA%D8%A7%D9%86.jpg

domingo, 21 de março de 2010

RESUMO HISTÓRICO

A dinastia aquemênida (em persa antigo: Hakhāmanishiya) governou o primeiro Império Persa  (559 - 330 a.C.) que por causa disso é chamado também de Império Aquemênida (em persa Emperâturi-ye Hakhâmaneshi). Sua linhagem remonta ao rei Aquêmenes (Haxāmanish) que governou a Pérsia entre  705 e 675 a.C. Os Aquemênidas alcançaram o domínio do Oriente Médio sob o governo de Ciro II da Pérsia, bisneto de Aquêmenes, quando este subjugou a Média e todas as outras tribos arianas da área do atual Irã conquistando em seguida a Lídia, a Síria, a Babilônia, a Palestina, a Armênia e o Turquestão, fundando o Império Persa.  Abaixo, genealogia dos Aquemênidas preparada por Ignacio Seligra Abella.

As conquistas foram levadas adiante por seu filho Cambises II, que conquistou o Egito, e Dario I, que expandiu o poderio persa até a Europa, conquistando a Trácia e consolidando seu poder na Anatólia formando o maior império que o mundo de então tinha visto. No auge de seu poder, os Aquemênidas governavam um império que abrangia cerca de 8 milhões de quilômetros quadrados ao longo de três continentes: Ásia, África e Europa. Em 480 a.C., estima-se que 50 milhões de pessoas viviam no Império Aquemênida ou cerca de 44% da população mundial na época. Abaixo, mapa do Império Persa sob os Aquemênidas em sua máxima expansão.
Os governantes aquemênidas caracterizaram sua administração pela tolerância com as diferentes culturas e religiões dos povos conquistados, gerando uma lealdade sem precedentes entre seus súditos. Deve se levar em conta o tratamento terrível que os assírios e babilônios (antecessores dos persas) davam aos povos conquistados, incluindo deportações em massa. Também construíram estradas ligando as principais cidades e um sistema de correios eficiente. As estradas também se destinavam ao comércio do Egito e da Europa com a Índia e a China, do qual a Pérsia muito se beneficiou.
Rede de estradas reais do Império Aquemênida

Após a tentativa frustrada de Dario de conquistar a Grécia, o Império Aquemênida começou a declinar. Décadas de golpes, revoltas e assassinatos enfraqueceram o poder da dinastia, embora o império continuasse relativamente poderoso.  Em 333 a.C., os persas não suportaram as incursões e ataques do rei macedônio Alexandre, o Grande. Sendo assim, em 330 a.C., o último rei aquemênida, Dario III, foi assassinado por um de seus sátrapas, Besso, e o primeiro Império Persa caiu em mãos dos gregos e macedônios. Abaixo mosaico que retrata a Batalha de Isso (333 a.C.) uma das que fizeram parte da queda do Império Aquemênida.


Legado
Na história do antigo Oriente Próximo, o Império Aquemênida tem um lugar especial. Ele deixou uma impressão duradoura sobre a herança e a identidade cultural da Ásia e do Oriente Médio, e influenciou o desenvolvimento e a estrutura de vários impérios posteriores. Sob o reinado dos Aquemênidas estiveram reunidos diversos países e povos entre o Indo e o Mar Egeu. Reinos anteriores desapareceram terminantemente, substituídos pela organização administrativa do Império Aquemênida que por sua vez preservara as tradições dos povos conquistados e as refundiu em um novo conjunto através da introdução de uma nova ideologia, como mostrado em particular na arte aquemênida ou em certas tradições administrativas. No entanto, a extrema diversidade dos povos dentro do império torna difícil uma visão precisa da natureza exata da influência do poder real sobre as nações que o compunham. Sua estrutura governamental e composição étnica multifacetada pode ter dificultado a sua transformação em um Estado-nação gerando uma falta de unidade maior e consolidada.
delegação de indianos oferecendo tributos ao Grande Rei
Esta eventual fraqueza permitiu aos gregos e macedônios levarem seus ataques contra o Império Persa. Alexandre, o Grande, derrotou os persas, mas tomou parte do modelo aquemênida reivindicando ser sucessor do rei Dario III, o que atrai a oposição da nobreza macedônia, que não consegue manter unificado o império de Alexandre, após a sua expedição à Índia e falecimento na Babilônia. A criação de grandes reinos helenísticos (gregos) que se seguiram na região é, em parte, devido a continuidade da prática aquemênida. Os gregos e, mais tarde, os romanos adotaram o que consideravam os melhores aspectos do método com que os persas governavam seu império, em especial a partição em províncias (inspiradas na satrápia aquemênida). Alguns reis helenísticos incluem até mesmo na sua corte as práticas sociais dos persas para criar uma cultura comum com os nobres do país conquistado. O legado da construção política aquemênida se reflete em seus impérios sucessivos, incluindo o selêucida e o parto, embora a abordagem pragmática e flexível, característica do domínio aquemênida, seja de difícil restauração uma vez que as dinastias que o sucedem lutam para se sustentar interna e externamente.
Seleucid Empire 250 BCE
Os reinos helenísticos que sucederam ao Império Aquemênida
As dinastias iranianas dos Arsácidas (partos) e dos Sassânidas (persas), ocasionalmente alegaram descendência dos Aquemênidas. Recentemente, houve alguma corroboração para a pretensão parta evidenciada numa doença hereditária (neurofibromatose), demonstrada através das descrições físicas dos governantes e das evidências de doenças familiares em moedas antigas. Os Aquemênidas vão encontrar seus herdeiros étnicos na dinastia persa dos Sassânidas que, no século III d.C., emerge do centro antigo do primeiro Império Persa. Eles vão se vincular aos tradicionais locais dos Aquemênida (Persépolis e Naqsh-e Rostam) através de inscrições e baixos-relevos, colocando-se na continuidade de seus antepassados ilustres. Porém, a historiografia persa sassânida bem como o período islâmico realmente não mantém a memória dos reis aquemênidas, limitado a algumas menções de Ciro ou Dario I, possivelmente para exaltar sua própria época e grandeza. Com a redescoberta dos monumentos aquemênidas por exploradores e arqueólogos europeus e, especialmente, a chegada ao poder de Reza Shah em 1925 no Irã, a memória do primeiro império persa tornou-se totalmente integrada ao patrimônio nacional iraniano moderno. Segundo o notável orientalista estadunidense Arthur Upham Pope (1881–1969),"o mundo ocidental tem uma dívida enorme a ser paga à civilização persa".


FONTES:
http://es.wikipedia.org/wiki/Dinastía_Aqueménida
http://pt.wikipedia.org/wiki/Império_Aquemênida
http://www.juserve.de/rodrigo/atlas%20historico/atlas%20historico.html
http://arteshe-iran.blogspot.com/2008/12/flags-of-iran.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Shah
http://pt.wikipedia.org/wiki/Avesta
http://en.wikipedia.org/wiki/Achaemenid_Empire
http://www.livius.org/a/1/maps/royal_road.gif
http://pt.wikipedia.org/wiki/Imp%C3%A9rio_Aquem%C3%AAnida
http://www.willamette.edu/cla/classics/resources/hfma/coininfo/002.html
http://www.livius.org/pictures/iran/persepolis/persepolis-apadana/persepolis-apadana-east-stairs/persepolis-apadana-east-stairs-southern-part-indians/

domingo, 14 de março de 2010

DARIO III (336 – 330 a.C.) - PARTE III

Perseguição na Média
Não tendo obtido o apoio dos aristocratas persas, Alexandre e seu exército foram obrigados a marchar para Ecbátana, a capital da Média, ao norte do Império Aquemênida, onde Dario III estava.  Este foi o pesadelo do alto comando macedônio: a procura de um inimigo que certamente se deslocaria para a parte oriental do Império Aquemênida. A menos que Dario se mantivesse firme em Ecbátana, o exército macedônio seria forçado a segui-lo para países desconhecidos, enfrentando perigos desconhecidos. Ainda que Dario fosse capturado ou morto, Alexandre e seus homens corriam o perigo de uma desastrosa campanha no Oriente. Após organizar o antigo país dos persas na satrápia de Persis, em maio, o Macedônio e seu exército marcharam para o noroeste e em junho chegaram em Ecbátana.
Ruínas de Ecbátana em Hamadan, Irã
Mas Dario não estava mais lá. Há apenas dois dias ante ele tinha ido para o leste. É interessante notar que Dario tinha ficado em Ecbátana durante o inverno, o que indica que ele ainda tinha esperanças de se reerguer, e assim poderia reconquistar a Assíria e a Babilônia e cortar o abastecimento das linhas macedônicas enquanto Alexandre permanecia em Persépolis. De fato, durante a sua marcha para Ecbátana, em Gabae (atual Isfahan no Irã) os macedônios receberam a notícia de que Dario certamente receberia tropas e estava preparado para enfrentar mais uma batalha, mas parece que os novos soldados chegaram tarde demais. De agora em diante, Dario III já não estava lutando para recuperar seu império.
Guerreiros persas
O Grande Rei que governara um império que ia do norte da África ao sopé do Himalaia, o soberano de vários povos, estava agora lutando por sua sobrevivência. Além disso, os defensores Dario estavam oscilando. Houve divisões no seio da família real: um príncipe chamado Bistanes, o filho de Artaxerxes III Oco, portanto tio de Dario, entregou Ecbátana aos macedônios sem resistência. Alexandre continuou a sua política de atrair os nobres persas para longe de seu oponente: o persa Atropates foi recebido como um importante membro da corte e mais tarde nomeado sátrapa da Média. Abaixo, localidades da perseguição de Alexandre a Dario na Pérsia e na Média.O Rei Dario levou consigo o tesouro da Ecbátana e viajava lentamente. Ele chegou a Rhagae (perto da atual Teerã), o mais importante centro religioso do zoroastrianos. Possivelmente, Dario pode ter querido sacrificar ao fogo sagrado, mas foi incapaz de parar: se a Pérsia e sua religião tivessem que ter um futuro, ele teria que chegar nas satrápias orientais o mais rápido possível e recrutar um exército. Seu rumo parecia ser a satrápia da Báctria.

Conspiração
Após onze dias de marchas forçadas, Alexandre chegou a Ragae onde foi obrigado a permanecer por algum tempo devido ao cansaço das tropas. Dario, que estava acampado a leste dos desfiladeiros do mar Cáspio, declarou a seus homens que estava disposto a enfrentar o Macedônio em mais uma batalha. Uma minoria ainda estava disposta a seguir o Grande Rei, mas a maioria lhe resistiu. Para Besso, Nabárzanes, comandante da Guarda Real, e Barsaentes, o sátrapa de Aracósia e Drangiana, a situação era clara: se eles se mantivessem fiéis ao seu rei, os macedônios invadiriam as satrápias orientais. Abaixo, representação da cabeça de um nobre persa.Por outro lado, se Dario fosse preso e entregue aos invasores, não haveria guerra, porque era pouco provável que os macedônios estivessem interessados em países desconhecidos, onde eles seriam forçados a lutar batalhas imprevisíveis. Nabárzanes sugeriu a Dario que passasse a autoridade real temporariamente para Besso, que tinha grande prestígio nas províncias orientais. Parece que o plano já estava traçado desde a derrota em Gaugamela. Dario respondeu puxando seu punhal e Nabárzanes fugiu seguido por Besso e seus homens bactrianos. Aconselhado por seu fiel ministro Artabazo, Dario perdoou os sediciosos (até porque eles tinham a maioria dos homens). Intermediados por Artabazo, Nabárzanes e Besso foram a tenda do rei e (hipocritamente) manfiestaram submissão e arrependimento. Dario e seu grupo rumaram para a aldeia de Tara perto de Hecatômpilo, capital da Pártia. O comandante dos mercenários gregos, pressentindo a traição no ar, aconselhou a Dario a colocar-se sobre a proteção da tropa grega. Mas Besso agiu rapidamente e cercou a tenda do rei com seus homens da Báctria.

Traição
Durante a noite Besso, Nabárzanes e Barsaentes junto com outros entraram na tendo do rei e prenderam-no arrastando-o ao carro no qual pretendiam levá-lo à Bactria e oferecê-lo a Alexandre. O ocorrido causou confusão no acampamento: uns debandaram; outros seguiram a contragosto os bactrianos para o leste; Artabazo e seu filho, fiéis a Dario, seguiram com os mercenários gregos para o norte. Artabelos e Bagistane resolveram se entregar a Alexandre. O sátrapa da Báctria era o homem mais importante do Império Aquemênida depois do rei. Um príncipe herdeiro governaria a Báctria por dois anos e um rei sem filhos ou sem filhos maiores iria nomear seu irmão como governador nesta satrápia. Abaixo, a rota de Alexandre em sua busca por Dario e posteriormente por Besso. sua procura pelo Grande Rei da Pérsia o levaria à Índia. O atual governador da Báctria, Besso, destacado guerreiro que lutara em Gaugamela, deve ter sido parente e muito íntimo do rei Dario, pois este deve ter pensado que ele estaria seguro quando chegasse ao território de Besso. Ainda com prestígio diante dos homens mais orientais do Império, Besso resolve se proclamar o novo Grande Rei e adota o título de Artaxerxes (V). Ao que parece, o plano dos conspiradores era barganhar o domínio das satrápias orientais com o Alexandre em troca da vida de Dario III.

Morte
Em sua marcha Alexandre e seus homens encontram a Artabelos e Bagistane que lhes informam do ocorrido. O Macedônio resolve apressar ainda mais a sua marcha. Tendo notícias do paradeiro de Besso, Alexandre resolve pegar um difícil atalho pelo deserto com seus homens mais capacitados (dos quais muitos ficaram no deserto). Com medo do rápido avanço de Alexandre, Besso e Nabárzanes pediram Dario para montar um cavalo. Dario se recusou, declarando que ele não iria se aliar com seus traidores. Besso, Nabarzanes e Barsaentes, seu companheiro de conspiração atiraram suas lanças em Dario e mataram os animais que puxavam o carro. Besso então fugiu para Báctria e Nabárzanes para Hircânia. Eles deixaram para trás a Dario e as próprias tropas que haviam permanecido leais a eles. Um soldado do exército de Alexandre, Polístrato, enquanto buscava água encontrou Dario abandonado num carro. Polístrato percebeu que o Grande Rei estava para morrer e deu-lhe água para beber. As últimas palavras de Dario foram ditas a este soldado comum: "Este é o golpe final da minha desgraça, que eu deveria aceitar um serviço de você, e não ser capaz de retribuí-lo" Dario deu a Polístrato sua mão direita - que entre os persas representava o mais solene compromisso de boa fé - e pediu que o aperto de mão fosse repassado para Alexandre. Então, ele morreu. Depois, o Conquistador chegou e lamentou a morte do Grande Rei, o último soberano da dinastia aquemênida. Alexandre estendeu seu manto real sobre o Grande Rei e enviou seu corpo para sua mãe, Sisigâmbis, em Persépolis onde Dario recebeu um funeral com todas as honrarias. Cogita-se que foi sepultado no túmulo de Artaxerxes III Oco (358 – 343 a.C.) em Naqš-i Rustam onde estavam sepultados os reis aquemênidas. Abaixo, Dario III estende a mão para Polístrato.
E assim em julho de 330 a.C., morreu Dario III, o último rei aquemênida do Império da Pérsia. Dario não fora assassinado por Alexandre Magno, mas por seus nobres e conterrâneos. Mas morreu disposto a lutar, ainda que inutilmente, pelo seu trono; morreu sem barganhar ignobilmente sua coroa; não era um Ciro, um Dario I ou um Xerxes... Mas quem estaria à altura do gênio militar de Alexandre, ainda mais após dezenas de anos de crise sucessória e instabilidade política por que passou o Império Aquemênida antes de Dario III Codomano? Morreu vencido, morreu traído, mas morreu como um rei, o último rei aquemênida. Abaixo, Alexandre encontra o corpo de Dario III.


Epílogo
Como o império persa havia sido conquistado e Besso governava apenas uma aliança de províncias rebeldes, os historiadores geralmente não o consideram como um verdadeiro rei aquemênida. Mas enquanto houvesse alguém a reivindicar o título de Grande Rei do Império Persa, a posição e imagem que Alexandre pretendia passar aos seus novos súditos estava ameaçada. Besso, entitulando-se Artxerxes V, retornou à Báctria e tentou organizar a resistência entre as satrápias orientais. Alexandre foi forçado a deslocar suas forças para liquidar a rebelião em 329 a.C. Apavorado com a aproximação dos macedônios, o próprio povo de Besso capturou-o e entregou-o a Alexandre. Alexandre ordenou que se cortassem as orelhas e o nariz de Besso, que era o costume persa reservado àqueles envolvidos em rebelião e regicídio; sabe-se que Dario I puniu o usurpador Fraortes de maneira similar. Besso foi então crucificado no local onde Dario III foi morto. Assim terminava a era aquemênida. A era helenística começava. Abaixo, ilustração do castigo de Besso.


REFERÊNCIAS
http://www.iranica.com/newsite/
http://en.wikipedia.org/wiki/Dario_III_of_Persia
http://cais-soas.com
http://www.boisestate.edu/courses/westciv/Alexandre/09.shtml
http://www.Alexandrestomb.com/main/index.html
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