segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

PSEUDO-ESMERDIS (522 a.C.)


Esmerdis é o nome grego de um dos príncipes da Pérsia da dinastia aquemênida cujo nome original persa era Bardiya conforme a Inscrição de Behistun. Ctesias chama-o Tanyoxarces; Xenofonte, Tanaoxares; Justino, Mergis e Ésquilo, Mardo. O nome que prevaleceu foi o de Esmerdis (Smerdis) devido ao relato de Heródoto e aparece assim também nos poemas de Anacreonte e Alceu. As fontes persas e clássicas sobre Bardiya-Esmerdis informam que ele era filho do rei Ciro II, o Grande, e irmão mais novo do rei Cambises II e governava as satrápias orientais do Império Persa. Temendo que Bardiya usurpasse-lhe o trono, Cambises mandou matá-lo em segredo. Enquanto Cambises estava em uma prolongada campanha no Egito, um mago (imagem ao lado), alegando ser Bardiya, iniciou uma usurpação apoderando-se do trono real; a revolta foi aparentemente assegurada pela morte de Cambises quando vinha do Egito para combater o usurpador, mas esse foi derrotado por Dario, filho de Histaspes, que sucedeu-o como grande rei do Império Persa. O usurpador que a si designava como o irmão mais novo de Cambises é tido como impostor nas fontes persas e clássicas (modernamente a quem alegue ser de fato Bardiya) e passou a história pelo nome de Pseudo-Esmerdis. Segundo a Enciclopédia Irânica, nenhum evento foi mais abundantemente documentado e mais amargamente discutido na rica história dos Aquemênidas do que a transição de poder de Cambises para Dario I (522 a.C.). Abaixo, o rochedo de Behistun que contém a Inscrição de Dario I que comemora sua vitória sobre Gaumata.
Na inscrição de Behistun este impostor é chamado de “Gaumata, o Mago" (magush: (ministro religioso; a versão em acadiano acrescenta "um Meda"). O nome foi preservado por Justino na forma Cometes como o nome do irmão do usurpador. Justino diz que foi Cometes quem matou o príncipe Mergis (Bardiya) e que o assassinato teve lugar após a morte de Cambises. Como visto a partir da inscrição Behistun, Gaumata se revoltou contra Cambises em 11 de março de 522 a.C. alegando ser Bardiya. Segundo Heródoto (3,62-65), Cambises estava na Síria em seu caminho de volta para casa quando a notícia de que seu irmão havia usurpado o trono veio da Pérsia. No entanto, Prexaspes assegurou a Cambises que ele tinha matado Bardiya. Então Cambises morreu na primavera de 522 confessando o assassinato de seu irmão. Mas depois da morte de Cambises, Prexaspes consistentemente negou que Bardiya estava morto. Por fim, registra a inscrição de Behistun (1,48-61), que em 29 de setembro de 522 Dario matou Gaumata com a ajuda de seis nobres persas e tornou-se rei. Abaixo, detalhe do relevo de Behistun que mostra Dario I triunfando sobre Gaumata.
Segundo Ctesias (29.8-14), Tanyoxarces (Bardiya) açoitou um mago chamado Esfendadates por algum delito; esse em vingança disse a Cambises que seu irmão estava conspirando contra ele. Cambises fez com que Bardiya bebesse sangue de touro e morresse. Esfendadates, que era muito similar em aparência a Bardiya, vestiu-se com roupas do príncipe e fingiu ser o filho menor de Ciro. Após a morte de Cambises, ele se tornou rei. Cinco anos após o assassinato, a mãe de Bardiya descobriu por um eunuco que seu filho estava morto e que o rei era Esfendadates. Antes dessa época, o desaparecimento do príncipe passou completamente despercebido por todos, exceto por Izabates, Artasyras e Bagapates, cúmplices de Cambises. Ctesias concorda com a inscrição Behistun em datar o assassinato do príncipe antes da expedição de Cambises contra o Egito, que foi conquistado no verão de 525 a.C. Ao que tudo indica, o príncipe Bardiya-Esmerdis morreu em 526 a.C. Em 522, Gaumata, fingindo ser Esmerdis, proclamou-se rei da Pérsia, nas montanhas de Arakadrish (os montes Zagros), perto da cidade de Pishiyauvda. Dario I chamada sua rebelião de drauga, isto é, mentira, a qual cresceu "na Pérsia, Média e em outros países". Abaixo, os montes Zagros em cuja região se deu a revolta de Gaumata.

Devido ao governo despótico de Cambises e sua longa estadia no Egito, todos os povos (à exceção dos persas) reconheceram o usurpador, especialmente quando se aprovou a redução dos impostos ao longo de três anos e a isenção de serviço militar obrigatório (Heródoto, 3, 68). Ao que tudo indica o usurpador era de origem meda. Por exemplo, Heródoto afirma explicitamente que os magos eram uma tribo da Média. Também é notável que o novo rei teve Sikayauvatish como sua residência: esta fortaleza foi identificada com Ziwiye perto de Îrânshâh, um pouco ao sul do Lago Úrmia, no noroeste do atual Irã, isto é, muito longe da Pérsia. As medidas políticas adotadas pelo Pseudo-Esmerdis podem ser melhor explicadas quando se aceita que o rei sentiu uma "simpatia" pelas nações sujeitas e não abrigava nenhum sentimento de privilegiar a Pérsia. A visão passada pela rocha de Behistun e por Heródoto era que se tratava de uma conspiração de origem nos medas. O próprio Cambises, segundo Heródoto (3,65), no seu leito de morte, teria declarado que se tratava de uma insurreição da Média para assumir o controle do Império. Abaixo, relevo de Persépolis retratando dois medas.
A história do falso Esmerdis é narrada por Heródoto e Ctesias segundo a tradição oficial perpetuada por Dario I no registro de Behistun: antes de sua morte, Cambises publicamente confessou o assassinato de seu irmão para que a fraude do usurpador passando-se por Esmerdis fosse exposta. Mas, como Dario registra, muitas províncias passaram-se para o lado do falso e o rei Cambises morreu quando vinha do Egito para lutar contra Gaumata; ninguém se atreveu a opor-se ao usurpador, que governou o Império por sete meses. Alguns contratos que datam de seu reinado foram encontrados na Babilônia, onde aparece com o nome Barziya. A inscrição de Dario explica que o falso Esmerdis destruiu alguns templos (que Dario mandou posteriormente reconstruir durante seu reinado) e transladou as casas e os rebanhos de muitas pessoas, causando um grande mal-estar entre os povos do Império. Segundo Dario, Gaumata era muito temido e havia matado todos os que haviam conhecido o verdadeiro Esmerdis. Há uma lenda relativa a Gaumata na qual o que denuncia sua impostura seriam suas orelhas, as quais eram muito diferentes da de Bardiya. Uma das esposas de Gaumtata, Fedima, orientada por conspiradores constatou que Gaumata não tinha orelhas! A prova da falsidade fora "extraviada". A conspiração de Fedima foi ilustrada no livro de Jacob Abbott, Darius the Great, abaixo mostrada.
Apesar destas precauções, Dario, filho de Histaspes, que era pertencente à linhagem dos Aquemênidas, e seis outros conspiradores persas foram capazes de tomar o palácio de Pseudo-Esmerdis em Sikayauvatish e assassiná-lo. Desta forma Dario toma o trono para si e torna-se o novo rei do Império Persa. Não há realmente nenhuma maneira de compreender esta situação de forma satisfatória, nem compreender todos os incidentes relacionados a este breve reinado. As tentativas dos autores modernos para mostrar que o personagem Gaumata era realmente o verdadeiro Esmerdis e Dario, o verdadeiro usurpador (para justificar sua rebelião criando a figura de um usurpador anterior) não têm sido aceitas pelos historiadores até a presente data.


REFERÊNCIAS:
http://www.iranchamber.com/religions/articles/images/darius_gaumata.jpg
http://es.wikipedia.org/wiki/Esmerdis
http://www.heritage-history.com/www/heritage.php?R_menu=OFF&Dir=characters&FileName=smerdis2.php
http://www.iranica.com/newsite/
http://www.livius.org/sj-sn/smerdis/smerdis.htm

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