terça-feira, 19 de janeiro de 2010

DARIO I, O GRANDE (522 – 486 a.C.) – PARTE V

As conquistas de Dario rumo ao oeste do Império constituíram-se num esforço que visava consolidar e estabilizar as fronteiras herdadas de Ciro, o Grande, e Cambises II, mas que mero desejo de expansão. Abaixo, a expansão do Império Persa sob Dario I, o Grande.
A ilha de Samos foi submetida em 519 a.C., mas não foi integrada ao Império, sendo confiada ao tirano Siloson por ordem de Dario. Esta foi a primeira incursão dos persas na bacia do Mar Egeu. Em 513 a.C., depois de uma guerra civil em Cirene, também foi submetida a maior parte da Líbia (chamada de Putaya pelos persas). Em 512 a.C., Dario liderou uma expedição contra os saka (mais conhecidos como citas) na região da Cítia (atual Ucrânia), cujo objetivo final continua incerto. Parece que constiuíam ameças às fronteiras do império bem como ao comércio no Mar Negro. Os citas eram constituídos por tribos seminômades que devido a sua ampla rede de comércio eram possuidores de grandes riquezas. Segundo Heródoto, Dario reuniu 700.000 homens, acompanhados por 600 embarcações; os efeitos foram fornecidos principalmente pelas cidades gregas do Helesponto. Abaixo, navio de guerra persa.
Depois de ter enviado uma primeira missão de reconhecimento naval para explorar margens do Mar Negro , em cerca de 513 Dario cruzou o estreito do Bósforo passando à Europa, marchando sobre uma ponte flutuante construída por seu engenheiro Mandrocles de Samos. Ele continuou para o norte ao longo da costa do Mar Negro até a foz do rio Danúbio, acima do qual a sua frota, liderada por jônios fez uma ponte sobre o rio cruzando para Cítia (Heródoto, 4,87-88, 4,97). Os citas evitaram o confronto direto com os persas, e se retiraram para o oriente. Depois de segui-los por um mês Dario chegou a um deserto e começou a construir oito fortalezas de fronteira. Mas, devido ao assédio dos citas às suas tropas e ao clima de outubro, que ameaçavam dificultar ainda mais a campanha, ele deixou o projeto inacabado e retornou através da ponte do Danúbio. Dario, no entanto, tinha avançado o suficiente no território cita para atemorizar os citas e forçá-los a respeitar as forças persas. Dario acabou deixando o Danúbio como a fronteira final do Império Aquemênida no ocidente. No caminho de volta, ele completou as conquistas de sua campanha. O general Megabizo conquistou a Trácia, rica em ouro e várias cidades gregas do Egeu setentrional; a Macedônia submeteu-se voluntariamente (Heródoto, 4,143, 5,1-30) e se tornou um protetorado persa. Abaixo, a campanha de Dario contra os citas.

Em 500 a.C., na sequência ao pedido de ajuda dos tiranos de Naxos, expulsos por seu próprio povo, Aristágoras, o tirano de Mileto, propôs ao sátrapa Artafernes, irmão de Dario, tomar Naxos e de lá, o arquipélago das Cíclades e a ilha de Eubéia. A expedição foi aprovada por Dario, mas as dissenções entre Aristágoras e o almirante persa Megabates fizeram com que o assédio a Naxos não lograsse êxito e se tornasse um desastre econômico para os jônios e persas. Aristágoras caiu em desfavor diante da corte persa já que se comprometera a custear a campanha e não o fez além de ter levado os persas a uma campanha que dizia ser de fácil conquista. Para se precaver contra o castigo do Grande Rei, Aristágoras, por sugestão de seu pai, Histieo, que estava em Susa na corte persa, se rebelou e declarou a independência da Jônia e impôs a isonomia. Dario enviou Histieo para mediar a crise, mas esse instigou ainda mais a revolta. O governo persa não era opressor sobre os jônios, mas limitava suas expectativas comerciais.A revolta ganhou o apoio de Atenas, que enviou 25 trirremes. Abaixo, mapa dos eventos da Revolta Jônica.

O primeiro ataque ocorreu em 499 a.C.contra Sardes, que foi incendiada, mas a acrópole da cidade se tornou inexpugnável. Os rebeldes sofreram uma grande derrota nas proximidades da cidade de Éfeso e Atenas retirou a sua ajuda. No entanto, a revolta espalhou-se por toda a região, de Bizâncio à Caria e a Chipre. Depois de algum sucesso contra o exército persa, as cidades caíram novamente nas mãos dos persas um após a outra. Aristágoras morreu em uma batalha contra os trácios. A frota jônica foi finalmente derrotada na Batalha de Lade em 494 a.C. e Mileto também caiu. Os persas foram implacáveis para com os vencidos. Em 493 a.C., Dario enviou seu genro Mardônio (Marduniya) para a Ásia Menor. Este general integrou aos domínios do Império a Macedônia como também aos brígios e a ilha de Tassos. Abaixo, selo real persa ilustrando a vitória persa sobre os jônios.


Em 491 a.C. as cidades gregas da Ásia Menor foram forçadas a pagar tributos para o Império. O primeiro objetivo militar foi a captura das ilhas do Mar Egeu para controlar esse mar de importância comercial estratégica. Mas não se deve esquecer a tradicional versão legada pelos autores gregos de que a investida de Dario contra a Grécia continental foi para punir aqueles que auxiliaram na Revolta Jônica. A ilha de Naxos finalmente caiu em 490 a.C., depois Delos, Caristo e Eubéia e assim a dominação persa sobre o Mar Egeu foi concluída. A segunda parte, a invasão da Grécia continental foi abruptamente interrompida: os persas desembarcaram na planície de Maratona onde eles foram esmagados pelos gregos coligados sob a liderança de Atenas e tiveram que recuar. Abaixo, ilustração da Batalha de Maratona onde o avanço persa sobre a Hélade foi detido.

A baixa persistência dos persas na conquista da Grécia continental mostra que o principal objetivo desta expedição militar eram as cidades gregas do Mar Egeu. Não obstante não ter conquistado a Grécia continental, nessa época do Império Aquemênida atingiu sua maior extensão. Heródoto relata que Dario se preparava para uma nova expedição contra a Grécia, que dirigiria pessoalmente, mas foi interrompido por uma insurreição no Egito em 486. Abaixo, estátua egípcia de Dario I.
Enquanto se preparava para intervir, sobreveio-lhe uma doença e morreu aos 64 anos em novembro de 486 a.C. A enfermidade durou cerca de um mês. Ele foi embalsamado e sepultado em um túmulo de pedra que havia mandado erguer em vida em Naqsh-e Rostam (imagem abaixo)
Ele havia sido um grande rei, como até mesmo seus inimigos atenienses admitiram. Treze anos após sua morte, o poeta trágico Ésquilo evocada nos dias de Dario, como a idade de ouro da Pérsia (Os Persas 709-712). Abaixo, ilustração de um vaso do século IV que mostra a visão grega de Dario.


A Família de Dario
Gobryas no alívio da Naqš-i Rustam.  Foto Marco Prins.
Gobrias
Antes e ao longo de seu reinado Dario casou-se com mulheres da alta nobreza persa, principalmente do ramo aquemênida de Ciro II. Desses enlaces vieram vários filhos que ocuparam papéis importantes no Império Persa.

Filha de Gobrias 
Seu primeiro casamento foi com filha de Gobrias (imagem abaixo), nobre persa que o auxiliou na derrocada de Gaumata e tornou-se um de seus generais. O enlace se deu antes da ascensão de Dario ao trono real. Dessa união resultaram: Artabazanes, seu primogênito, que foi excluído da sucessão real, pois seu nascimento se deu antes de Dario ser rei. Dela Dario teve ainda Ariabignes e um terceiro filho que não sabe o nome.

Atossa 
Reconstiuição moderna da rainha Atossa,
filha de Ciro, o Grande, e esposa de Dario, o Grande
De Atossa, filha de Ciro, o Grande, e irmã de Cambises II, Dario teve Xerxes I, que o sucedeu, Aquêmenes, que sufocou a revolta egípcia em 484 e se tornou sátrapa do Egito sob o governo de seu irmão, Masistes, sátrapa da Báctria que se revoltou contra Xerxes e ainda a Histaspes e uma filha, Mandane. Abaixo, relevo representando Dario e atrás dele Xerxes, seu sucessor.

Artistone
Artistone também era filha de Ciro II, o Grande, e segundo Heródoto era a esposa favorita de Dario I com o qual teve a Arsames, comandante militar dos núbios e árabes sob Xerxes I, Gobrias, comandante dos capadócios sob Xerxes I e Artazostre, esposa do general Mardônio.




Parmis 
Parmis era filha de Esmerdis/Bardiya e neta de Ciro II. Com ela Dario I teve Ariomardo que comandou os moscos e tibarenos nas campanhas de Xerxes I.

Frataguna
Frataguna era sobrinha de Dario I. Com ele teve a Abrocomes e a Hiperantes, que morreram na Batalha das Termópilas (480 a.C.).

Fedimia
Filha de Otanes, não se conhecem filhos. 

Retrato de uma dama persa

Esposas Desconhecidas
Ariamenes, às vezes identificado com qualquer um dos três filhos da filha de Gobrias ou Masistes, Arsamenes, a esposa de Artoces, a esposa de Daurises, a esposa de Himeas, Sandauce (às vezes identificada com Mandane, filha de Atossa), a esposa de Artaicto, Ishtin (mencionada em documentos de Persépolis) foi casada com Bakeya, que talvez seja Bageo, sátrapa da Lídia, nos escritos de Heródoto e Pandušašša (mencionada em documentos de Persépolis) casada com Bakašakka, chamado "genro do rei" em outro documento, talvez identificável com um comandante persa chamado Basaces por Heródoto. 

REFERÊNCIAS
http://www.satrapa1.com/articulos/antiguedad/Dario1/escitas-dario.htm
http://es.wikipedia.org/wiki/Darío_I
http://www.livius.org/y/yauna/yauna.html
http://www.livius.org/da-dd/darius/darius_i_9.html
http://www.livius.org/as-at/atossa/atossa.html
http://cais-soas.com/CAIS/History/hakhamaneshian/achaemenid_army.htm
http://mozhde.aminus3.com/image/2010-03-14.html
http://www.cais-soas.com/CAIS/History/hakhamaneshian/darius_great.htm
http://www.iranchamber.com/history/atossa/atossa.php


4 comentários:

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    1. Agradeço e fico feliz ter contribuído de alguma forma. Deus o abençoe muitíssimo.

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  2. Gastei tambem,mas ta muito confuso,pois não entendi se Xerxes é filho da rainha ester com Rei Assuero,ou se ele é o mesmo Artaxerxes,affff Tanta's trocar de nomes.

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    1. De fato. A confusão reside no fato de não poder se identificar com certeza quem é Assuero: Xerxes ou Artaxerxes?

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