A Centralidade dos Persas
O Estado aquemênida era multinacional. Do ponto de vista geográfico, a Pérsia (atual província de Fars no Irã) era o centro do império. Ainda que dominando muitos povos, a força do Império Aquemênida estava no povo persa de onde eram oriundos os reis (que sempre se orgulharam de sua origem persa). Os persas eram a classe étnica dominante consolidada pela pertença a tribos e clãs comuns bem como pela mesma língua e religião, a qual não tentaram impor a seus súditos. Os persas eram isentos de impostos, mas eram massivamente empregados no exército e na alta administração. A origem persa, e mais geralmente ariana (isto é, iraniana), era repetidamente enfatizada para o rei, sua linhagem e descendência bem como para o deus supremo dos Aquemênidas, Ahura Mazda, que é chamado de deus dos arianos. Depois dos persas, os medos (de origem étnica ariana) também eram muito bem empregados na administração e no exército.
O Rei dos Reis
A autoridade máxima do Império Persa era o rei (em persa antigo kshayathiya). Devido à vastidão de seus domínios e de estarem tantos povos e seus respectivos reis sob a autoridade do grande rei (kshayathiya vazraka) este era chamado de kshayathiya kshayathiyanam, isto é, rei dos reis. O melhor equivalente moderno para o pleno sentido da expressão é a palavra imperador. A realeza no Império Persa era aparentemente hereditária dentro da dinastia aquemênida. Ter o sangue aquemênida era um fundamento essencial para a realeza e não é de admirar que os reis reiterassem o termo haxāmanišiya ("um aquemênida”), ainda que em último lugar, como elemento de sua titularia régia. A sucessão parece ter sido resolvida por designação do rei (Heródoto 7.2.1). Normalmente, o herdeiro era o filho primogênito, e somente por meio de exceção (cf. Plutarco, Artaxerxes 2.4) o primeiro filho nascido após a ascensão ao trono. Historiadores indicam que a partir de Dario I e de Artaxerxes II uma espécie de sinarquia (a corregência de pai e um de seus filhos) parece ter sido costume. Eleição do rei por parentes das famílias persas mais ilustres (como no caso de Dario I, quando a sucessão não se deu automaticamente) aparentemente não foi a regra. Os reis aquemênidas não eram considerados deuses, apesar do dramaturgo grego Ésquilo (Os Persas 157) se referir a rainha Atossa como “esposa de um deus [Dario]” e "mãe de um deus [Xerxes]". Embora não fossem considerados como tendo origem divina (como alguns reis gregos e macedônios), uma base fundamental de seu reinado ao lado do princípio genealógico é a teoria do direito divino dos reis.
Um medo (esquerda) e um persa (direita): As classes étnicas dominantes do Império Aquemênida |
A autoridade máxima do Império Persa era o rei (em persa antigo kshayathiya). Devido à vastidão de seus domínios e de estarem tantos povos e seus respectivos reis sob a autoridade do grande rei (kshayathiya vazraka) este era chamado de kshayathiya kshayathiyanam, isto é, rei dos reis. O melhor equivalente moderno para o pleno sentido da expressão é a palavra imperador. A realeza no Império Persa era aparentemente hereditária dentro da dinastia aquemênida. Ter o sangue aquemênida era um fundamento essencial para a realeza e não é de admirar que os reis reiterassem o termo haxāmanišiya ("um aquemênida”), ainda que em último lugar, como elemento de sua titularia régia. A sucessão parece ter sido resolvida por designação do rei (Heródoto 7.2.1). Normalmente, o herdeiro era o filho primogênito, e somente por meio de exceção (cf. Plutarco, Artaxerxes 2.4) o primeiro filho nascido após a ascensão ao trono. Historiadores indicam que a partir de Dario I e de Artaxerxes II uma espécie de sinarquia (a corregência de pai e um de seus filhos) parece ter sido costume. Eleição do rei por parentes das famílias persas mais ilustres (como no caso de Dario I, quando a sucessão não se deu automaticamente) aparentemente não foi a regra. Os reis aquemênidas não eram considerados deuses, apesar do dramaturgo grego Ésquilo (Os Persas 157) se referir a rainha Atossa como “esposa de um deus [Dario]” e "mãe de um deus [Xerxes]". Embora não fossem considerados como tendo origem divina (como alguns reis gregos e macedônios), uma base fundamental de seu reinado ao lado do princípio genealógico é a teoria do direito divino dos reis.
Relevo do palácio de Dario I retratando uma cena típica da corte persa : um nobre (Farnaces) se prostra diante do Grande Rei (Dario I) enquanto o herdeiro real (Xerxes I) está atrás do trono |
O rei era considerado sagrado e vigário da Divindade pelas diversas religiões do Império; sua aparição pública era rara e era considerada benfazeja. O kshayathiya kshayathiyanam era o mantenedor de arta, isto é, a boa ordem do mundo. A importância de sua posição era tamanha que sua sucessão era sempre turbulenta, onde seus filhos e usurpadores procuravam alcançar o poder máximo no maior império que o mundo havia visto até então. Numa visão religiosa, os Aquemênidas eram reis pela graça de Ahura Mazda (vasna Auramazdāha), seu deus supremo. Esse deus "concedeu o império" (xšaçam frābara) sobre os reis. Estas e outras expressões mostram que o governo dos Aquemênidas é legitimado pelos deuses, e o rei é investido por eles, ou seja, ele é o seu eleito e seu representante na terra. Ele é o intermediário entre Ahura Mazda e os homens para alcançar o triunfo do bem sobre o mal, como mostrado muitos baixos-relevos de Behistun em que os rebeldes são vistos como manifestações de mentiras e são punidos pessoalmente pelo rei já que é seu dever fazer justiça. Para cumprir este papel, ele foi divinamente agraciado com inteligência superior e um julgamento infalível. Ele também é um guerreiro consumado, capaz de lidar com o arco, lança e montar cavalos. As qualidades de luta dos reis frequentemente são encontradas em suas representações nos selos ou moedas, ilustrando sua posição como vencedor na caça e na guerra. A ligação entre o rei e o mundo divino reflete-se também na sua função sacerdotal, quando fazia regulares sacrifícios na Pérsia destinados principalmente às divindades iranianas
Os reis aquemênidas dirão que Ahura Mazda os "fez reis, o rei de muitos, o senhor de muitos" (cf. Ésquilo, Os Persas 762f.). Isto significa, ao mesmo tempo, que o rei persa não era um primeiro entre iguais, mas sim um governador soberano, que concentrava em sua pessoa todo o poder como supremo senhor e juiz da paz e da guerra e, portanto, muito acima seus súditos. O rei estava acima da lei e permitido fazer o que quisesse (Heródoto 3.31.4). O poder, influência e o papel desempenhado por um conselho (de sete?) das mais distintas famílias persas (que podem ter tido certos privilégios, cf. Heródoto 3.84.2), quando as coisas essenciais tinham que ser decididas (por exemplo, para estabelecer a comunidade judaica em Jerusalém [Esdras 7:14-28] ou ir contra os gregos [Heródoto 7.8ff.]), pode ter sido maior no inicio do reino persa do que em anos posteriores ou durante o reinado de um rei poderoso.
Como representante dos deuses, o rei era sagrado, e à sua pessoa foi adicionada a farnah, uma espécie de esplendor divino ou carisma real.
A realeza aquemênida era divinamente respaldada: Ahura Mazda abençoa a ascensão e vitória do rei Dario I sobre seus inimigos (Relevo de Behistun, Irã) |
Reconstituição de relevo que mostra um rei persa adorando a Ahura Mazda bem como sua supremacia sobre seus súditos |
A cerimônia da tomada de posse dos reis aquemênidas segundo Plutarco (Artaxerxes 3.1-2) era realizada pelos sacerdotes persas em Pasárgada no templo de uma deusa da guerra comparável à deusa grega Atenas, onde o rei tirava suas próprias roupas, colocava as antigas usadas por Ciro, o Grande, antes de ele se tornar rei, comia pistaches e uma barra de figos secos,e bebia um copo de leite azedo. As insígnias reais são o trono, o cetro longo na mão direita e a flor de lótus na esquerda, os pés retos, tiara púrpura (cf . Arriano 3.25.3) ou como uma espécie de capacete militar, a coroa com ameias (cf. o relevo de Bisotun e várias moedas e selos), determinadas roupas reais, e também sapatos lisos, sem laços.
O rei aquemênida e suas insígnias reais |
Para expressar seu ofício e grandeza o rei (kshayathiaya) alarga sua titularia. Ele é o grande rei (kshayathiya vazraka, conforme a titularia de origem acadiana, sharru Rabu), o rei dos reis (kshayathiya kshayathiyanam, conforme os reis de Urartu) e o rei dos países (kshayathiya dahyūnām) como muito usado nas cortes mesopotâmicas e que demonstra a reivindicação que o Aquemênidas faziam de ser herdeiros dos antigos impérios mesopotâmicos e medo. Os Aquemênidas variavam esses títulos para expressar a grandeza de seu império (“rei dos países que contém muitas raças”, “rei desta grande terra e das distantes”, etc.). Eles também adotaram a titularia real de muitos países que conquistaram “rei de Acade”, “rei do Alto e Baixo Egito”, etc. Estas fórmulas manifestam a pretensão de reconhecimento dos Aquemênidas como legítimos sucessores dos reis desses países.
As Capitais Aquemênidas
O centro de controle do império é onde está o rei com sua comitiva. Especificamente, os reis persas tomaram o hábito dos reis que os precederam de residirem em complexos palacianos e tinham vários em que residiam periodicamente. A capital inicial da dinastia pode ter sido Anshan (Tell-e Malyan em Fars) antiga cidade elamita e primeira dominação dos Aquemênidas. A primeira capital do império foi Pasárgada (o "campo dos persas") e seu tradicional local de coroação. Outras cidades foram: Ecbátana, antiga capital da Média e atual Hamadan; Babilônia, antiga capital de vários reinos na Mesopotâmia; Susa, a principal capital, antiga cidade elamita; Persépolis (“cidade dos persas”), capital religiosa e cerimonial, onde se celebravam as festas de Ano Novo. Autores gregos relatam que os reis aquemênidas transferiam a capital de acordo com a estação: no inverno, os reis iam para Susa, no verão para Ecbátana, no outono para Persépolis e no resto do ano passavam na Babilônia. Outros lugares que simbolizam o poder real no centro do império são os túmulos reais. O de Ciro, o Grande, fundador do império, está em Pasárgada, onde os reis eram coroados. Seus sucessores escolheram a forma de túmulos de pedra, localizados primeiro em Naqsh-e Rostam e em seguida nas proximidades de Persépolis.
As Satrápias
Visão panorâmica dos túmulos reais aquemênidas em Naqsh-e Rostam, Irã |
As Capitais Aquemênidas
O centro de controle do império é onde está o rei com sua comitiva. Especificamente, os reis persas tomaram o hábito dos reis que os precederam de residirem em complexos palacianos e tinham vários em que residiam periodicamente. A capital inicial da dinastia pode ter sido Anshan (Tell-e Malyan em Fars) antiga cidade elamita e primeira dominação dos Aquemênidas. A primeira capital do império foi Pasárgada (o "campo dos persas") e seu tradicional local de coroação. Outras cidades foram: Ecbátana, antiga capital da Média e atual Hamadan; Babilônia, antiga capital de vários reinos na Mesopotâmia; Susa, a principal capital, antiga cidade elamita; Persépolis (“cidade dos persas”), capital religiosa e cerimonial, onde se celebravam as festas de Ano Novo. Autores gregos relatam que os reis aquemênidas transferiam a capital de acordo com a estação: no inverno, os reis iam para Susa, no verão para Ecbátana, no outono para Persépolis e no resto do ano passavam na Babilônia. Outros lugares que simbolizam o poder real no centro do império são os túmulos reais. O de Ciro, o Grande, fundador do império, está em Pasárgada, onde os reis eram coroados. Seus sucessores escolheram a forma de túmulos de pedra, localizados primeiro em Naqsh-e Rostam e em seguida nas proximidades de Persépolis.
As principais cidades aquemênidas |
As Satrápias
O Império Persa foi organizado sob um sistema de satrápias (províncias). A satrápia (do antigo persa kshathra: reino, país, província) era uma unidade administrativa, geralmente organizada numa base geográfica. O sátrapa (em persa antigo kshathrapavan: “protetor de uma região, de um reino”, isto é, governador) administrava a região, o general supervisionava o recrutamento militar e a assegurava a ordem e um secretário de Estado mantinha os registros oficiais. O general e o secretário de Estado se reportavam diretamente ao Rei. A administração em satrápias, criada por Ciro II e Cambises II, resolvia o problema da divisão territorial e da unidade governamental no vasto do Império Aquemênida. Embora os persas e medos detivessem os principais cargos políticos e militares, os Aquemênidas contavam com as lideranças nativas e tradicionais dos povos conquistados em sua administração. A satrápia fazia parte de uma estratégia para estabelecer a dominação de uma ideologia que envolvia a colaboração com as estruturas de poder locais. Os conquistadores aquemênidas buscavam parecer mais como protetores das tradições e santuários do que como perturbadores. As elites locais são, portanto, associadas ao funcionamento do novo império. Os sátrapas são nomeados pelo rei por tempo indeterminado e são governadores e não reis tributários. Eles são os principais responsáveis pelo policiamento na província, por ter uma força militar estacionada em guarnições, e devem garantir a paz entre os vários componentes políticos do território sob sua jurisdição .
Eles também são responsáveis pela coleta de tributos e impostos bem como pela justiça. Eles também têm o poder de negociar com os estados vizinhos e fazer guerra. Esses príncipes são geralmente escolhidos entre os medos e persas e são um instrumento fundamental de seu controle sobre o império, mesmo entre os príncipes reais. No entanto, os sátrapas eram submetidos a inspeções por parte de representantes reais chamados de "os olhos e ouvidos do rei" (ver o interessante texto de Jona Lendering em http://www.livius.org/es-ez/eyes/eyes.html). Estes inspetores viajam por todo o império, juntamente com tropas suficientes caso seja necessário uma intervenção drástica. Suas visitas não são anunciadas e relatam o que vêem diretamente ao rei. No entanto, alguns sátrapas mostraram desobediência ao poder real, comportando-se como verdadeiros reis. Com o tempo, o poder interno do Império Aquemênida, de fato, mudou-se para os sátrapas. Nas satrápias menores, os Aquemênidas geralmente mantiveram as instituições existentes. Assim, as cidades gregas e fenícias mantêm as suas instituições (em alguns casos, seus reis), bem como as cidades da Babilônia e os templos têm um papel administrativo. No Egito, a antiga divisão provincial em nomos se manteve na base da administração persa. As posições-chave (militar, fiscal e legal) ficaram nas mãos dos persas, mas as outras posições são ocupadas por nativos.
As Forças Armadas
As principais divisões das forças armadas aquemênidas eram a infantaria, a cavalaria e a marinha. Devido à grande diversidade étnica e cultural das nações submetidas ao Império, à sua grande extensão geográfica, às constantes disputas por poder, se fez necessário a criação de um exército profissional para a manutenção da paz e da ordem. O exército persa seguiu o modelo dos impérios antecessores, especialmente o dos assírios, como também incorporou elementos egípcios e elamitas, embora agregasse suas próprias tradições militares. A aristocracia recebe uma educação visando a preparação para as atividades de guerra. A elite do exército persa é constituída por um corpo de 10.000 guerreiros conhecidos como os Imortais, dentre os quais estavam os guardas dos palácios reais. Em tempo de guerra, o exército era ampliado pelas tropas de conscritos levantadas entre os diversos povos do império. Este exército era dividido em unidades nacionais e equipado de acordo com seus costumes nacionais, sendo os persas e os medos o coração do exército e uma grande quantidade de mercenários era contratada especialmente, no final do período aquemênida, os gregos. O exército tinha guarnições permanentes em todo o Império, comandados por oficiais persas. As guarnições foram colocadas em pontos estratégicos: os fortes nas principais estradas do Império, fronteiras ou até mesmo em colônias militares (como Elefantina entre a fronteira egípcia e a Núbia).
Ciro II conseguiu criar um exército terrestre forte, mas acabou morrendo antes de ter a chance de desenvolver uma força naval. Uma marinha real foi criada por Dario, o Grande, o que permitiu que os persas pudessem manter seu controle sob os diversos mares que banhavam seu império (o mares Mediterrâneo, Negro, Egeu, do Golfo Pérsico e do oceano Índico. Em sua fundação, o Império Aquemênida foi principalmente um domínio terrestre, com um forte exército, porém desprovido de forças navais. No século V a.C., uma vez que os persas enfrentaram os gregos e egípcios, que tinham uma marinha forte, Dario investiu numa frota persa, inaugurando o que se conhece como a primeira marinha estatal regular da História. Os marinheiros desta armada não vinham da Pérsia propriamente dita, mas em sua maioria eram fenícios (a maior parte de Sídon), egípcios, cipriotas e gregos. Inicialmente os navios eram construídos em Sídon, pelos fenícios, mas logo outros estados aquemênidas começaram a construir seus próprios navios, com suas características locais. As frotas persas também abririam as portas para o comércio com a Índia, através do Golfo Pérsico. Além dos mares, os persas também tinham navios de menor capacidade (100 a 200 soldados) patrulhando os diversos rios do império, incluindo o Shatt-al-Arab, o Tigre e o Nilo, bem como a bacia do Indo, na Índia. Os Aquemênidas estabeleceram grandes bases navais ao longo do Shatt-al-Arab, no Bahrain, Omã e Iêmen. A marinha de Dario foi aprimorada no reinado de Artaxerxes II, em 397 a.C., quando uma armada formidável seria construída, que levaria até sua vitória decisiva em Knidos, no ano de 394 a.C., restabelecendo o domínio aquemênida na Jônia. Artaxerxes II também utilizaria sua enorme marinha para debelar uma rebelião no Egito. Xenofonte relata a criação de uma gigantesca ponte militar com a união de 37 navios persas sobre o rio Tigre. Os reis Dario I e Xerxes I utilizaram-se desses "navios-ponte" em suas campanhas militares. Anos mais tarde, quando Alexandre, o Grande, invadiu a Pérsia, antes de avançar para a Índia, utilizou-se de documentos militares persas, e fez com que lhe construíssem uma ponte de navios semelhante no rio Indo, na Índia, em 327 a.C.
Administração Geral
Durante o reinado de Dario I houve uma codificação dos dados, um sistema jurídico universal sobre o qual muito mais tarde do direito iraniano seria baseado, e a construção de uma nova capital em Persépolis (Parsa), onde estados vassalos iam oferecer seu tributo anual no festival comemorativo do equinócio de primavera. Os impostos visam a manutenção da administração, da segurança e também o enriquecimento da corte aquemênida. Riqueza nas sociedades antigas é principalmente o resultado da produção agrícola e, portanto, o governo e as elites persas se apropriaram desse recurso essencial que foi a base de sua riqueza. As terras da coroa também existiram por todo o império e foram concedidas aos membros da família real e de altos dignitários. O Estado organiza a divisão de certas terras para financiar as tropas, que receberam uma quantidade proporcional de terra para o equipamento necessário para a sua manutenção, uma vez que era de arqueiros, cavaleiros e carros, mesmo que isso não esteja claro se essas terras são responsáveis por pagar o suficiente para financiar a unidade militar ou manter diretamente uma unidade que lhe é atribuída.
Texto da inscrição de Behistun que relaciona as primeiras 20 satrápias | do Império Aquemênida nos dias de Dario, o Grande |
Eles também são responsáveis pela coleta de tributos e impostos bem como pela justiça. Eles também têm o poder de negociar com os estados vizinhos e fazer guerra. Esses príncipes são geralmente escolhidos entre os medos e persas e são um instrumento fundamental de seu controle sobre o império, mesmo entre os príncipes reais. No entanto, os sátrapas eram submetidos a inspeções por parte de representantes reais chamados de "os olhos e ouvidos do rei" (ver o interessante texto de Jona Lendering em http://www.livius.org/es-ez/eyes/eyes.html). Estes inspetores viajam por todo o império, juntamente com tropas suficientes caso seja necessário uma intervenção drástica. Suas visitas não são anunciadas e relatam o que vêem diretamente ao rei. No entanto, alguns sátrapas mostraram desobediência ao poder real, comportando-se como verdadeiros reis. Com o tempo, o poder interno do Império Aquemênida, de fato, mudou-se para os sátrapas. Nas satrápias menores, os Aquemênidas geralmente mantiveram as instituições existentes. Assim, as cidades gregas e fenícias mantêm as suas instituições (em alguns casos, seus reis), bem como as cidades da Babilônia e os templos têm um papel administrativo. No Egito, a antiga divisão provincial em nomos se manteve na base da administração persa. As posições-chave (militar, fiscal e legal) ficaram nas mãos dos persas, mas as outras posições são ocupadas por nativos.
As Forças Armadas
As principais divisões das forças armadas aquemênidas eram a infantaria, a cavalaria e a marinha. Devido à grande diversidade étnica e cultural das nações submetidas ao Império, à sua grande extensão geográfica, às constantes disputas por poder, se fez necessário a criação de um exército profissional para a manutenção da paz e da ordem. O exército persa seguiu o modelo dos impérios antecessores, especialmente o dos assírios, como também incorporou elementos egípcios e elamitas, embora agregasse suas próprias tradições militares. A aristocracia recebe uma educação visando a preparação para as atividades de guerra. A elite do exército persa é constituída por um corpo de 10.000 guerreiros conhecidos como os Imortais, dentre os quais estavam os guardas dos palácios reais. Em tempo de guerra, o exército era ampliado pelas tropas de conscritos levantadas entre os diversos povos do império. Este exército era dividido em unidades nacionais e equipado de acordo com seus costumes nacionais, sendo os persas e os medos o coração do exército e uma grande quantidade de mercenários era contratada especialmente, no final do período aquemênida, os gregos. O exército tinha guarnições permanentes em todo o Império, comandados por oficiais persas. As guarnições foram colocadas em pontos estratégicos: os fortes nas principais estradas do Império, fronteiras ou até mesmo em colônias militares (como Elefantina entre a fronteira egípcia e a Núbia).
Ilustração de guerreiros persas |
Navio persa |
Administração Geral
Durante o reinado de Dario I houve uma codificação dos dados, um sistema jurídico universal sobre o qual muito mais tarde do direito iraniano seria baseado, e a construção de uma nova capital em Persépolis (Parsa), onde estados vassalos iam oferecer seu tributo anual no festival comemorativo do equinócio de primavera. Os impostos visam a manutenção da administração, da segurança e também o enriquecimento da corte aquemênida. Riqueza nas sociedades antigas é principalmente o resultado da produção agrícola e, portanto, o governo e as elites persas se apropriaram desse recurso essencial que foi a base de sua riqueza. As terras da coroa também existiram por todo o império e foram concedidas aos membros da família real e de altos dignitários. O Estado organiza a divisão de certas terras para financiar as tropas, que receberam uma quantidade proporcional de terra para o equipamento necessário para a sua manutenção, uma vez que era de arqueiros, cavaleiros e carros, mesmo que isso não esteja claro se essas terras são responsáveis por pagar o suficiente para financiar a unidade militar ou manter diretamente uma unidade que lhe é atribuída.
Súditos entregando tributos ao rei persa como registrado em Persépolis |
Dario organizou a economia em um sistema de cunhagem de prata e ouro. O comércio era extenso e sob os Aquemênidas havia uma infra-estrutura eficiente que facilitava a troca de mercadorias até nos confins do império. As tarifas sobre o comércio foi uma das principais fontes da receita do Império Persa, juntamente com a agricultura e os tributos. O Império estava organizado em vinte e três satrápias que estavam ligadas por uma estrada de 2.500km, a Estrada Real de Susa (no Elam, atual sudoeste do Irã) a Sardes (na Lída, atual oeste da Turquia), construída por ordem de Dario I. Se diz que mensageiros montados a cavalo poderiam chegar a mais remota das áreas em quinze dias. Além disso, os Aquemênias exploraram as vias marítimas e fluviais intensificando assim o comércio e a integração político-cultural do império. O grego Escílax de Carianda (Cária na Ásia Menor) foi enviado pelo rei persa Dario I para explorar o curso do rio Indo. Escílax e os seus marinhos desceram rio até atingirem o mar; depois navegaram pelo oceano Índico até o mar Vermelho, circunavegando a Arábia. Dessa viagem vem a primeira notícia sobre a Índia conhecida no Ocidente.
Em vários aspectos, o modelo de governo aquemênida reflete uma abordagem pragmática e relativamente descentralizada de dominação. Ele permite a adaptação das estruturas e hábitos das províncias, trazendo suas elites para o exercício do poder e dando-lhes uma relativa autonomia (nunca deixando a posição de subordinação ao poder central). Assim, não é um governar pelo terror (como assírios e, em menor medida, os babilônios) ou a implantação de uma cultura homogênea que acompanha o projeto imperial. Isso é evidenciado pelo fato de que a religião e a língua dos persas não foram impostas aos povos dominados, que as crenças e templos locais tiveram certo apoio estatal e o aramaico é usado como a língua franca do império, porque ele já estava em uso nos impérios da Assíria e da Babilônia. No campo do direito, a mesma abordagem é evidente: tradições jurídicas locais parecem preservadas, como evidenciado pelo fato de que Dario I, o Grande, encabeça uma codificação das leis egípcias. Mas a supremacia judicial era para os representantes do poder aquemênida, e ao rei supremamente.
O filósofo alemão Georg W. F. Hegel, em sua obra Filosofia da História, descreve o Império Persa como "um império no sentido moderno - como o que existia na Alemanha, e aquele grande reino imperial sob o jugo de Napoleão; pois vemos que ele consistiu de diversos estados, que eram de fato dependentes, porém que mantiveram suas próprias individualidades, seus costumes, e suas leis. Os decretos gerais, que vigoravam da mesma maneira para todos, não violavam suas idiossincrasias políticas e sociais, mas até mesmo as protegiam e mantinham, de modo que cada uma das nações que constituía o todo tinha sua própria forma de constituição. Da mesma maneira que a luz ilumina tudo, dando a cada objeto uma vitalidade peculiar, o Império Persa se estendia sobre uma infinidade de nações, e dava a cada um seu caráter específico. Alguns até mesmo tinham seus próprios reis; cada um tinha seu próprio idioma, armas, modos de vida e costumes. Toda esta diversidade coexistia harmoniosamente sob o domínio imparcial da Luz... uma combinação de povos no qual cada um era livre, pondo assim um fim à barbárie e à ferocidade com que as nações estavam habituadas a empreender suas contendas destrutivas."
No entanto, é um exagero considerar os Aquemênidas e, especialmente, Ciro II como precursores da tolerância religiosa ou mesmo os direitos humanos, noções anacrônicas no contexto do Império Aquemênida, particularmente após as interpretações do famoso cilindro de Ciro que realmente coloca o rei persa na antiga tradição babilônica, mostrando que ele não está lá para perturbar as tradições locais e, sobretudo, o poder de seus grandes templos. Pelo contrário, parece que, enquanto a sua autoridade e demandas de recursos forem atendidas, o poder aquemênida não é intrusivo e permite um grau significativo de autonomia, e somente os rebeldes sofrem medidas realmente coercitivas e punitivas, usando tais práticas de terror e destruição como seus antecessores, como evidenciado pelo testemunho da repressão das revoltas em Jônia, Babilônia e Egito.
FONTES:
Reconstituição do palácio de Apries, centro administrativo aquemênida no Egito |
No entanto, é um exagero considerar os Aquemênidas e, especialmente, Ciro II como precursores da tolerância religiosa ou mesmo os direitos humanos, noções anacrônicas no contexto do Império Aquemênida, particularmente após as interpretações do famoso cilindro de Ciro que realmente coloca o rei persa na antiga tradição babilônica, mostrando que ele não está lá para perturbar as tradições locais e, sobretudo, o poder de seus grandes templos. Pelo contrário, parece que, enquanto a sua autoridade e demandas de recursos forem atendidas, o poder aquemênida não é intrusivo e permite um grau significativo de autonomia, e somente os rebeldes sofrem medidas realmente coercitivas e punitivas, usando tais práticas de terror e destruição como seus antecessores, como evidenciado pelo testemunho da repressão das revoltas em Jônia, Babilônia e Egito.
O Cilindro de Ciro, o Grande, testemunho da tolerância e do pragmatismo do governo aquemênida |
FONTES:
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http://parsiandej.ir/webhaa/ahura/2013/03/%D8%B3%D8%B1%D8%A8%D8%A7%D8%B2%D8%A7%D9%86-%D8%A7%DB%8C%D8%B1%D8%A7%D9%86-%D8%A8%D8%A7%D8%B3%D8%AA%D8%A7%D9%86.jpg
Gostaria de uma seção a respeito do casamento e sexualidade persa, haja vista a importância desses dois vetores para compreensão do aspecto social de uma civilização.
ResponderExcluirVocê pode dar uma olhada em "sociedade".http://osaquemenidas.blogspot.com.br/2013/04/sociedade.html
ExcluirIranianos não é necessariamente ariano.
ResponderExcluirArianos são os descendentes do povo MEDO (da Média), os curdos.
Tem várias tribos curdas como Pamir, Hazaras, Tajique e outras quase uma dezena.
Os Medos dominaram os Persas mas estes fizeram a virada e conquistaram os Medos dentro da "colônia"
O zoroastrismo era religião oficial dos Medos.
Eles adoram 5 anjos chamados Asura's (Senhores).
Zoroastro inventou Mazda e fez os reais deuses qualidades de Mazda. Fez isso para importar das estepes russas os 5 Asura's adotados pelos arianos há séculos.
Hoje os Medos são conhecidos por Yazidis.
Eles mantém sistema de castas como firma de preservar cultura e etnia.
O zoroastrismo (yazidi) é uma religião étnica que não permite conversão.