quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

DARIO II (423 – 404 a.C.)

Dario II foi o oitavo rei aquemênida do Império da Pérsia. Dario (Darayavaush) era seu nome de trono, mas seu nome originário é relatado em fontes clássicas como Oco (em grego Ochós, latim Ochus possivelmente do babilônico Ú-ma-kush ou U-ma-su. O antigo nome persa pode ter sido Vauka ou Va(h)ush). Seu pai era Artaxerxes I e sua mãe Cosmartidene, uma concubina babilônica. Daí os autores gregos consideravam-no um bastardo (em grego nothos), embora este epíteto tenha aparecido bastante tarde (Pausânias, 6.5.7). Por isso muitas vezes nos textos tradicionais ele é referido como Dario II Noto. Abaixo, vaso do V século a.C. que faz referência ao rei Dario, o qual possivelmente é Dario II.

Quando da morte de Artaxerxes I, este foi sucedido por Xerxes II, filho de sua consorte real. Depois de um mês e meio Xerxes foi assassinado por seu irmão Sogdiano. Seu meio-irmão, Oco, sátrapa da Hircânia se rebelou contra Sogdiano com o apoio de Artoxares, eunuco de forte influência na corte, Arbário, o comandante da cavalaria, e Arsames, sátrapa do Egito. Após uma breve luta, Oco matou Sogdiano e seus apoiadores. Pouco depois, seu irmão Arsites se rebelou contra ele. Arsites recebeu o apoio de um importante membro da nobreza persa, Artifio, filho Megabizo. Para fazer frente a seu irmão, Arsites contratou os serviços de mercenários de Mileto. Este emprego de mercenários gregos em guerras dinásticas persas estabeleceu um precedente a ser seguido pelo posterior príncipe Ciro, o Jovem (c. 401 a.C.). Embora os dados sejam escassos, a atividade militar rebelde parece ter se desenvolvido nas províncias ocidentais do Império, em especial na Síria. Artasiras, um general de Dario II, foi derrotado em duas batalhas, mas foi vitorioso na terceira, depois de subornar os mercenários gregos. Arsites e Artifio foram capturados e de acordo Ctesias, embora o rei Dario quisesse perdoar seu irmão, foi convencido a executá-lo por Parisatis, sua esposa. Assim Oco tornou-se senhor único do Império e adotou o nome de Dario. Os tabletes da Babilônia não incluem na lista dos reis a Xerxes II nem a Sogdiano fazendo de Dario II o sexto rei do Império Aquemênida. Relevo de Persépolis retratando um leão devorando um touro: símbolo do ano novo (noruz) no zoroastrismo, a religião dos Aquemênidas.

Dario II era casado com sua meia-irmã, Parisatis, filha de Artaxerxes I com sua concubina Andia da Babilônia. Ela exercia muita influência sobre o Rei que com ela teve quatro filhos: Artaxerxes II, Ciro, o Jovem, Ostanes e Oxathres. Teve uma filha: Amestris. A vitória sobre seus irmãos não era uma segurança definitiva do império de Dario II. Pissuthnes, sátrapa da Lídia há pelo menos duas décadas, por razões desconhecidas se rebelou contra Dario II em 420 a.C. Contratou mercenários gregos ao fim da primeira parte da Guerra do Peloponeso (431 – 404 a.C.). O Rei enviou Tisafernes, um nobre da alta linhagem persa,  para a Lídia com a missão de provocar uma revolta entre os mercenários do Pissuthnes. Abaixo, moeda com a efígie de Tisafernes.

Tisafernes foi bem sucedido em sua missão e propôs uma negociação com Pissuthnes. Ao chegar no lugar combinado, Tisafernes o prendeu e o mandou para o Rei, que executou o sátrapa rebelde (415 a.C.). Amorges, filho de Pissuthnes, continuou a insurreição ocupando o porto de Iaso na Cária, entre Mileto e Halicarnasso. Como seu pai, Amorges recebeu o apoio dos atenienses, cujos navios frequentemente visitavam a cidade. Tisafernes recebeu ordens de Dario de suprimir a revolta de Amorges. No entanto, este dispunha de mercenários (provavelmente árcades e argivos) e enquanto Atenas estava dominando o mar, era impossível iniciar um cerco a Iaso. Isto mudou em 413 quando os atenienses foram derrotados na Sicília quando tentavam conquistá-la. Os espartanos retomaram a Guerra do Peloponeso e Tisafernes abriu negociações com eles, que acordaram um tratado em 412. O tratado mencionava especificamente que alguém que se rebelasse contra o Grande Rei seria considerado inimigo comum dos espartanos, uma advertência diretamente relacionada com a revolta de Amorges. Abaixo, facão aquemênida de ouro do século V a.C.

Os espartanos navegaram para Iaso no inverno de 412 - 411 a. C. Os moradores deixaram os navios entrar no porto por acreditar que era a frota ateniense que se aproximava. Quando perceberam o erro era tarde demais. Amorges foi preso e enviado para Tisafernes. Os mercenários gregos de Amorges mudaram de lado e a revolta foi suprimida. O eunuco Artoxares da Paflagônia que o havia ajudado Dario II a tornar-se o rei também tentou um golpe em uma data incerta (Ctesias, frag. 15,54). Além disso, o relato da insubordinação de Teritouchmes, sátrapa da Hircânia casado com Amestris, filha de Dario II, que se rebelou contra o sogro indica que apesar de sua vitória sobre seus irmãos, o trono de Dario II esteve constantemente ameaçado. Dario ordenava a seus sátrapas, Tisafernes e Farnabazo, a interferirem nas guerras gregas. Tisafernes não foi ético nas suas relações com Esparta. Durante as negociações, abriu negociações também com Atenas, na esperança de obter mais concessões. Os atenienses, no entanto, se recusaram fazer este jogo. Quando o acordo foi celebrado com Esparta, Tisafernes se recusou a enviar a marinha persa-fenícia para ajudar os espartanos, embora ele tivesse prometido fazê-lo. Desta forma, ele continuou sua política de manter os dois estados beligerantes gregos em equilíbrio. Abaixo, capitel em forma de touro extraído das ruínas de Susa, onde Dario II iniciou a reconstrução de obras.

Esta estratégia não foi apreciada por Dario e pela rainha Parisatis, que fizeram seu segundo filho, Ciro, sátrapa da Lídia e da Capadócia. Ele prosseguiu uma política incondicional de favorecimento a Esparta. Tisafernes permaneceu como sátrapa de Cária. Há evidências de problemas no Egito em 410 a.C., prelúdio da bem sucedida revolta de 404. Finalmente, no coração do império houve o esmagamento de uma revolta na Média (Xenofonte, Helênica 1.11.19) que foi seguida por uma campanha contra os cadúsios em 405 a.C. liderada por Ciro, o Jovem. Em 404, Dario II morreu na Babilônia. Em Naqsh-e Rustam há uma tumba identificada como dele (imagem abaixo). Foi sucedido por seu filho Artaxerxes II.


REFERÊNCIAS
http://www.iranica.com/newsite/
http://es.wikipedia.org/wiki/Darío_II
http://www.livius.org/da-dd/darius/darius_ii_nothus.html
http://es.wikipedia.org/wiki/Amorges
http://www.bbc.co.uk/portuguese/especial/1059_persians/page9.shtml

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

SOGDIANO (423 a.C.)

Sogdiano (seu nome nos veio por Ctesias: Sekyndianós) é mais conhecido através do historiador grego Ctesias de Cnido e foi brevemente rei da Pérsia durante o ano 423 a.C. Era o filho do rei Artaxerxes I Longímano e Alogina (ou Alogyne), uma concubina babilônica.  A Babilônia era a mais rica satrápia do Império Persa. Apesar do distanciamento causado por Xerxes I (486 - 465 a.C.), os reis aquemênidas sempre visitavam e honravam a cidade de Babilônia. Abaixo, procissão de um rei persa no portão de Ishtar na Babilônia.
A última inscrição que cita Artaxerxes ainda vivo pode ser datada de 24 de dezembro de 424 a.C. Sua morte resultou em que pelo menos três de seus filhos se proclamaram como o novo khšāyatiya khšāyatiyānām, isto é, o Rei dos Reis, o soberano do Império Persa que embora já em declínio continuava sendo a maior potência do mundo oriental. O primeiro no trono foi Xerxes II, filho da rainha consorte Damaspia e era o príncipe herdeiro. Ele aparentemente foi reconhecido somente na Pérsia. O segundo foi Sogdiano, filho de Artaxerxes com a concubina babilônica Alogyne, possivelmente reconhecido na Elão. Abaixo, ruínas do palácio de Artaxerxes I, pai de Sogdiano, em Persépolis.
O terceiro concorrente foi Oco, filho de Artaxerxes I com sua concubina Cosmartidene da Babilônia e sátrapa da Hircânia. Oco também foi casado com sua meia-irmã Parisatis, filha de Artaxerxes I e sua concubina Andia da Babilônia. Ele parece ter sido reconhecido pela Média, a Babilônia e o Egito. Esta situação caótica teve curta duração. Xerxes II só governou durante quarenta e cinco dias. Ele teria sido assassinado enquanto estava bêbado por Farnacias e Menostanes sob ordens de Sogdiano. Sogdiano aparentemente ganhou o apoio de suas regiões. Oco se recusou a fazer homenagem a Sogdiano e em vez disso ele conspirou com o comandante da cavalaria, Arbarios, que o matou.
Reconstituição gráfica do Portão do Exército em Persépolis
Farnacias e Menostanes também foram executados.Pode-se notar que Menostanes é conhecido também a partir do arquivo da família Murašû de Nippur, uma cidade babilônica. Provavelmente não é coincidência que o nome Menostanes (Manuštânu) desaparece de seus registros quase imediatamente após a ascensão de Oco ao trono persa. Seus domínios passaram para um certo Artahšar, que é provavelmente o mesmo que Artoxares, um nobre persa que ficou do lado de Oco. Sogdiano só reinou por seis meses e quinze dias. Oco ficou só na disputa pelo trono e com o nome de Dario (II) tornou-se o único governante do Império Persa reinando até 404 a.C. 

REFERÊNCIAS

http://www.livius.org/x/xerxes/xerxes_ii.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Sogdianus_of_Persia

XERXES II (424-423 a.C.)

Xerxes II (persa antigo Khšayâršâ) filho e herdeiro legítimo de Artaxerxes I Longímano governou quarenta e cinco dias entre os dias finais de 424 e o início de 423 a.C. A nossa única fonte para o reinado de Xerxes II é Ctesias, autor grego de Cnido, um dos escritores mais não confiáveis da Antiguidade. No 18º livro de sua História dos Persas (§ § 46-51) ele afirma que Xerxes II foi o único filho legítimo do rei Artaxerxes I e da rainha Damaspia (que é outra forma desconhecida); Xerxes tinha sido apontado como príncipe herdeiro (mathišta). Quando Artaxerxes e Damaspia morreram no mesmo dia, ele subiu ao trono. O último tablete cuneiforme (encontrado em Nippur) a partir do reinado de Artaxerxes I é de 24 de dezembro 424 e não existem tabletes do reinado de Xerxes II. Abaixo muralha próxima ao palácio de Artaxerxes I, pai de Xerxes II.
No entanto, um de seus meio-irmãos, Sogdiano, filho de Artaxerxes e com uma mulher da Babilônia chamada Alogyne, conspirou contra Xerxes. Ctesias menciona dois outros conspiradores por nome: Farnacias, eunuco, e Menostanes, aquemênida e militar. No quadragésimo quinto dia de seu reinado, Xerxes foi morto após ser embebedado por Farnacias e Menostanes sob as ordens de Sogdiano que se tornou o novo rei.


REFERÊNCIAS:
http://www.livius.org/x/xerxes/xerxes_ii.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Xerxes_II_of_Persia
http://es.wikipedia.org/wiki/Jerjes_II

domingo, 24 de janeiro de 2010

ARTAXERXES I (465 - 424 a.C.)

Artaxerxes I foi rei do Império Persa de 464 a 424 a.C. Ele era filho de Xerxes I da Pérsia e Amestris, filha de Otanes. Abaixo, representação de Artaxerxes I e um servo em Persépolis.
Seu nome nos veio pelas fontes gregas (que também grafam Artoxerxes), mas não tem nada a ver com o nome de Xerxes, pois vem do persa antigo Artaxšacā “aquele cujo reinado é através de arta (a verdade)”. Em persa moderno é Ardeshir. Artaxerxes também foi apelidado pelos autores gregos de μακρόχειρ "macrocheir” (= longímano), alegadamente devido a sua mão direita ser maior do que a sua esquerda. A família russa Dolgoruki da dinastia Rurikid reivindicava ser descendente dele através da casa armênia de Pahlavuni.Abaixo, bacia de prata contendo inscrição se referindo a Artaxerxes I como o rei dos reis, o Grande Rei do Império Persa.


Artaxerxes era o segundo filho de Xerxes e Amestris. Xerxes foi assassinado numa conspiração palaciana por Artabano, um alto ministro da corte (hazarapat, 'chefe de mil'), no ano 465 a.C.; Artaxerxes teria nessa altura cerca de vinte anos. As fontes (Ctesias [Focio, Epítome de Pérsica de Ctesias 33-35]; Diodoro Sículo, Biblioteca Histórica; Pompeio Trogo [Justino, Epítome de Historias Filípicas de Pompeio Trogo]) nos dizem que Artaxerxes, enganado por Artabano matou seu irmão Dario, filho mais velho de Xerxes e presumível herdeiro, que fora acusado pelos conspiradores como o assassino de seu pai. No trono e auxiliado por seu cunhado Megabizo, Artaxerxes por fim mandou matar a Artabano e seus asseclas que também haviam tentado matá-lo. Embora os detalhes (pela natureza das fontes, vez que tardias e baseadas em rumores de corte) não podem ser tomados como totalmente verídicos, o contexto geral, reflete um conflito na sucessão. Abaixo, arqueiros persas representados no palácio de Dario I em Susa.Esta revolução e a queda do Artabano causaram rebeliões. Na Báctria foi conduzida pelo sátrapa Artabano (Ctesias F 14) ou mais plausível, por outro irmão do rei, Histaspes (Diodoro 11.69.2), que também fez reivindicação ao trono. Mas essa revolta foi rapidamente contida. As desordens internas do Império Persa foram aproveitadas pelo líder líbio Inaro para se rebelar no Baixo Egito com o apoio de Atenas. Com o apoio dos egípcios, que odiavam os persas, Inaro e seus homens expulsaram os cobradores de impostos. Com a ajuda dos mercenários atenienses, Inaro derrotou a primeira expedição persa, comandada por Aquêmenes, tio de Artaxerxes e sátrapa do Egito, em Papremis c. 460 a.C. Aquêmenes foi morto pelos rebeldes e as tropas persas refugiaram-se no “Castelo Branco”, a cidadela de Mênfis, onde os persas ficaram sitiados. Em 456 a.C., após jogos diplomáticos e esforço bélico, um exército persa comandado pelos sátrapas Megabizo e Artabazo suprimiu a rebelião. Os atenienses fugiram para a Cirene, enquanto que Inaro foi capturado com alguns atenienses e crucificados anos mais tarde a pedido da rainha-mãe, Amestris, que queria vingar-se da morte se seu filho Aquêmemes. Isso quebrou o acordo que Megabizo havia feito com Inaro e seus seguidores para conseguir o fim da revolta. Por fim o Egito ficou submetido ao Império tendo Arsames como sátrapa. Mas sementes da revolta não haviam sido extirpadas. Abaixo, geografia da revolta de Inaro e posteriores ataques atenienses às possessões persas no Mediterrâneo.
A política de Artaxerxes em relação à Grécia se concentrou no enfraquecimento da posição naval dominante da Liga de Delos (coligação de cidades gregas lideradas por Atenas que formavam uma força naval permanente para combater a ameaça persa), fortalecida após a batalha de Eurimedon (c.468 a.C.) onde a Liga derrotou os exércitos de Xerxes I. Em cerca de 457 a.C. uma embaixada persa foi enviada por Artaxerxes I a Esparta para que declarasse guerra a Atenas e distraísse a atenção e apoio atenienses dos assuntos do Egito. A embaixada não logrou êxito e após a vitória persa no Egito houve confrontos com os atenienses em Chipre (c. 450 a.C.). Abaixo, a Liga de Delos. Não obstante a rivalidade com os gregos, Artaxerxes deu acolhida ao grande vencedor dos persas nas Guerras Médicas: Temístocles. Ele havia sido expulso (ostracismo) por seus compatriotas e estabeleceu-se sob a égide do Grande Rei em Magnésia na Ásia Menor. Dizem que suicidou-se para não participar de uma campnha persa contra os gregos. Os persas já viam sofrendo derrotas e perdas de territórios ante a Liga de Delos e a derrota persa em Chipre possivelmente conduziu ao estabelecimento de um tratado entre gregos e persas chamado Paz de Calias (c. 449 a.C.) que de acordo com Diodoro Sículo, apresentou as seguintes cláusulas:
- Concessão autonomia para as cidades jônicas da Ásia Menor;
- Nenhum sátrapa persa tem jurisdição sobre a costa do Mar Egeu;
- É proibida a navegação persa no Mar Egeu;
- Atenas não pode intervir nos territórios persas do Egito, Chipre e Ásia Menor.
Embora haja dúvidas sobre a existência e o contexto do tratado, o fim das hostilidades diretas entre a Liga de Delos e o Império Persa sugere, pelo menos, um acordo verbal entre ambas as partes, embora se pense que o seu conteúdo fosse diferente do que é afirmado por Diodoro Sículo. No entanto, a Paz de Calias não impediu a intervenção dos atenienses (440/449 a.C.) em apoio a Mileto que estava em guerra com Samos, apoiada pelo sátrapa da Lídia, Pisutines. No início da Guerra do Peloponeso (431-404 a.C.) Esparta e Atenas deixaram de lado todas os seus melindres e ressentimentos com os "bárbaros" persas e buscaram o apoio de Artaxerxes I. O rei morreu sem definir a que cidade grega apoiar. Abaixo, embaixada grega solicitando apoio do Grande Rei.Embora devoto de Ahura Mazda, o supremo deus do zoroastrismo, a religião persa, Artaxerxes I retomou a política religiosa tolerante de seus predecessores Ciro II e Dario I a despeito da de seu pai Xerxes I. O Grande Rei nomeou a Esdras, sacerdote e escriba judeu, através de uma carta de decreto, como encarregado dos assuntos civis e religiosos da nação judaica. Uma cópia do decreto aparece na Bíblia no Livro de Esdras 7:13-28. Então Esdras deixou Babilônia no primeiro mês do sétimo ano do reinado de Artaxerxes (cerca de 457 a.C.) a frente de um grupo de judeus que incluíam sacerdotes e levitas. Eles vieram a Jerusalém no primeiro dia do quinto mês do sétimo ano (calendário hebraico). Em seu 20º ano de reinado, Artaxerxes nomeou o judeu Neemias como governador da província de Judá e permitiu a reconstrução dos muros da cidade sagrada de Jerusalém. Abaixo representação de Artaxerxes I e o deus Ahura Mazda com os povos submissos em sua tumba em Naqsh-i-Rustam.
A reconstrução da comunidade judaica em Jerusalém havia começado sob Ciro, o Grande, que havia permitido que os judeus em cativeiro na Babilônia voltassem a Jerusalém e reconstruíssem o Templo de Salomão (concluído em 520 a.C. sob Dario I). Um número de judeus liderados por Zorobabel (descendente do rei Davi) já haviam voltado a Jerusalém no ano 537 a.C. Abaixo, ilustração de Gustave Doré sobre a liberação de Esdras por Artaxerxes.Artaxerxes construiu um palácio em Persépolis, do qual hoje praticamente só existe a fundação e completou a chamada "Sala das Cem Colunas"  que era a sala do trono e o segundo maior edifício de Persépolis . Sua construção foi iniciada por Xerxes.

Iran, Fars Province, Persepolis, Hall of a Hundred Columns
Ruínas da Sala das Cem Colunas
Reconstituição gráfica do interior da Sala das 100 Colunas
Fontes gregas pintam um Artaxerxes I firme quando se trata de política externa, mas fraco diante da corte e as mulheres da família real. Continuamente relacionam feitos políticos com desejos de vingança ou intrigas amorosas. A literatura clássica acentua a influência de Amastris, mãe do rei. Um problema em aberto é determinar o quanto neste rumor é falso, preconceituoso e quanto reflete um grau de precisão a vida da corte persa na época de Artaxerxes I. Relevo retratando Artaxerxers I na sala do trono.

A esposa principal de Artaxerxes foi Damaspia, que faleceu no mesmo dia que o rei. Da união com ela nasceu Xerxes II que herdou o trono aquemênida. De segunda mulher, Alogine, uma concubina da Babilônia, teve Sogdiano que disputou o trono persa com seus irmãos. De sua terceira esposa, Andia, uma outra concubina da Babilônia, teve Bagopeu e Parisatis (casada com Dario II Noto). De sua quarta esposa, Cosmartidene, também uma concubina da Babilônia teve Arsites e Oco, o futuro rei Dario II. Artaxerxes I morreu entre 24 de dezembro de 424 e 10 de janeiro 423. Foi sucedido por seu filho Xerxes II. Abaixo, tumba identificada como sendo de Artaxerxes I.


REFERÊNCIAS:
http://es.wikipedia.org/wiki/Artajerjes_I
http://curteahistoria7.blogspot.com/2009_12_01_archive.html
http://es.wikipedia.org/wiki/Liga_de_Delos
http://www.livius.org/arl-arz/artaxerxes/artaxerxes_i_makrocheir.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Artaxerxes_I_of_Persia
http://images.bridgemanart.com/cgi-bin/bridgemanImage.cgi/400wm.DGA.0452250.7055475/519361.jpg

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

XERXES I (486 - 465 a.C.)

Retrato de Xerxes no palácio de Dario, o Grande, em Perséplois

Xerxes I (cerca de 519-465 a.C.) foi rei do Império Pérsia Aquemênida (486-465 a.C.), filho de Dario I e Atossa, filha de Ciro, o Grande. O nome Xerxes é uma transliteração em grego (Ξερξης, "Xerxes") de seu nome persa após a sua ascensão ao trono, 'Khashayarshah' que significa "governante de heróis". Na Bíblia é referido como Ahashverosh geralmente aportuguesado para Assuero. G. Maspero em sua História do Egito menciona Xerxes como um homem de beleza admirável, alto e forte, mas de caráter colérico e sensual. Abaixo representação de Xerxes e seus criados em relevo do seu palácio em Persépolis.
Família
Sua rainha consorte foi Amestris, a quem a literatura grega clássica atribui um caráter terrível, e com ela teve Dario, o filho mais velho, assassinado por seu irmão Artaxerxes, Amitis, esposa do general Megabizo, Artaxerxes I, o futuro rei (465/464 - 424 aC), Histaspes, talvez sátrapa da Báctria, assassinado por Artaxerxes (c. 465 aC) e Rodoguna. De esposas desconhecidas, Xerxes foi pai de Aquêmenes, Artário, sátrapa da Babilônia, Tithraustes e Ratahshah. Segundo a Bíblia uma jovem judia chamada Hadassa foi elevada a esposa do rei persa Assuero comumente identificado com Xerxes tornando-se a rainha Ester.
Ester e o rei Assuero (Xerxes?)

Sucessor de Dario, o Grande
Os reis aquemênidas indicavam seus sucessores antes de grandes campanhas (Dario estava a organizar uma nova expedição à Grécia). Xerxes foi apontado como o sucessor de Dario I em preferência a seus irmãos mais velhos que nasceram antes de Dario se tornar rei. Coroado entre 17 de novembro e 1º de dezembro de 486 a.C. aos 36 anos, Xerxes não enfrentou nenhuma contestação de sua legitimidade ao trono quer por outros aquemênidas ou por nações sujeitas. Ele era filho da união dos dois ramos principais dos aquemênidas e neto de Ciro, o Grande, fundador do Império. Abaixo, relevo de Persépolis representando uma cena da corte aquemênida: no trono Dario I e atrás dele Xerxes como o mathišta ("o maior"), isto é, o sucessor do rei.

Xerxes herdou o maior império que o mundo havia visto até então. não é a toa que na inscrição de Gandj Nameh (Irã) ele se declara rei de um vasto império que tem todos os tipos de homens.
Inscrição de Xerxes em Gandj Nameh: "Eu sou Xerxes, o grande rei, rei dos reis,
rei dos países que  contêm todos os tipos de homens, rei nesta grande terra longe,
filho do rei Dario, um aquemênida"

A Rebelião no Egito
Representação hieroglífica do nome egípcio de Xerxes:
Jeshyresh
Em 484 Xerxes enviou Aquêmenes, seu irmão, para sufocar a rebelião no Egito iniciada em 486 ainda sob Dario I sob a liderança de certo Khabbisha que proclamara-se rei do Egito. Mas, Khabbisha, por mais que se tenha preparado, foi derrotado pelas forças superiores de Xerxes. Ao contrário de seus antecessores, Xerxes não ostentou o título de faraó assinalando assim seu caráter de soberano estrangeiro sobre a terra do Nilo. Tendo êxito, Aquêmenes foi estabelecido como sátrapa da província sobre a qual exerceu um controle muito rígido.
Vaso de Halicarnasso com o nome de
Xerxes em hieroglifos egípcios
A  Rebelião da Babilônia
Ainda em 484 Xerxes decidiu abolir o reino da Babilônia que ainda existia nominalmente sob a regência do rei persa, e levar a estátua dourada do deus Bel (Marduque ou Merodaque), a cujas mãos deveria segurar o legítimo rei da Babilônia no primeiro dia de cada ano, matando os sacerdotes que tentaram detê-lo. Xerxes, por conseguinte, não usa o título de Rei da Babilônia, como faziam seus predecessores, nos textos babilônicos datados de seu reinado, mas o Rei da Pérsia e da Média, ou simplesmente o Rei das Nações (equivalente ao Rei do mundo). Esta ação provocou duas rebeliões simultâneas lideradas por Šamaš-eriba e Bêl-šimânni em julho de 484. Ao sul da Babilônia, Bel-šimânni foi reconhecido como rei; Šamaš-eriba iniciou o seu reinado no norte, mas no final de agosto ou início de setembro, ele também ganhou o controle do sul.Talvez um líder derrotando o outro, ou talvez as duas rebeliões se mesclaram. A insurreição foi contida por Megabizo, filho do sátrapa Zópiro que fora assassinado pelos babilônios revoltosos. Abaixo, delegação de babilônios levando tributos ao Grande Rei.


Xerxes contra a Grécia
Depois de sufocar todas as revoltas e incentivado por seu primo Mardônio, Xerxes tratou de vingar a derrota sofrida por seu pai, Dario I, na batalha de Maratona, durante a Primeira Guerra Médica (490 a.C.). Abaixo, representação de um duelo entre um guerreiro persa e um guerreiro grego numa pintura do século V a.C.

Dario falhou em punir os atenienses por sua interferência na Revolta Jônica na Ásia Menor, mas Xerxes havia planejado cuidadosamente a operação de castigo. Assim, ordenou a escavação de um canal através do istmo que ligava a península do Monte Atos com o continente europeu; foram armazenadas grandes quantidades de suprimentos ao longo da rota que atravessava a Trácia e se construíram duas pontes que cruzavam o Helesponto. Abaixo, pintura que retrata Xerxes se preparando para atravessar o Helesponto,o atual estreito de Dardanelos, que separa a Ásia da Europa.

Xerxes concluiu uma aliança com Cartago, que privou os gregos da península balcânica de receber apoio dos gregos sicilianos de Agrigento e Siracusa, enquanto conseguia adesão para a causa persa de outros estados gregos como Tessália, Macedônia, Tebas e Argos. Os persas conseguiram reunir para a ocasião uma grande frota (a maior parte dos navios vieram de seus súditos fenícios e cipriotas) e um poderoso e numeroso exército formado por homens dos mais vários povos do Império Persa. Segundo Heródoto (História 7.34-35) Xerxes mandou construir uma ponte de barcos que possibilitasse seu exército atravessar o Helesponto, mas pouco depois de construída esta ponte foi destroçada por uma tempestade. O rei ficou tão furioso que mandou chicotear o mar com 300 chibatadas, a mesma que se aplicava a uma escravo extremamente rebelde. O episódio é ilustrado abaixo a partir da obra de J. Abbott sobre Xerxes.

Na primavera de 480 a.C. Xerxes deixou Sardes no comando de seu exército provocando assim a Segunda Guerra Médica contra a aliança grega de Atenas e Esparta. Em princípio, o exército persa teve vitórias importantes: a frota grega foi derrotada no cabo Artemision e depois da vitória sobre o Rei Leônidas I de Esparta e seus 300 homens na passagem das Termópilas, os persas devastaram a Beócia e a Ática, atingindo Atenas.
A Batalha das Termópilas
A cidade já havia sido evacuada por ordem de Temístocles permanecendo apenas uma guarnição na Acrópole. Vencida a guarnição, a cidade foi saqueada e seus templos incendiados. A batalha de Atenas, que pessoalmente Xerxes conduziu, é muitas vezes mal interpretada como um confronto entre gregos e persas, quando na verdade a intenção de Xerxes era punir os atenienses pela a pilhagem e destruição causada por suas forças nas cidades jônicas da Ásia Menor que estavam sob controle persa. Abaixo, súditos gregos levando tributos ao Grande Rei.É de se salientar que esta empresa teve a ajuda de outras cidades gregas, e até mesmo da Macedônia. Xerxes tomou Atenas e após um breve período de ocupação, abandonou-a já que seu interesse não estava em conquistá-la, mas em punir aqueles que o levaram a guerra contra outras cidades gregas na Ásia Menor. O fato histórico a notar, portanto, é que Xerxes não luta contra todos os gregos, nem contra a Grécia entendida como um só Estado (o que não existia na época), mas contra uma aliança de cidades gregas contra as quais contou com a ajuda de outras cidades gregas da Grécia que se aliaram ao Império Persa, ou das cidades gregas da Ásia Menor, que sofreram o ataque dos atenienses na Revolta Jônica e ajudaram de boa vontade a Xerxes. Abaixo, mapa das investidas persas contra a Grécia.
Ficheiro: Map Greco-persa Wars en.svg
Mas Xerxes foi enganado por uma astuta mensagem de Temístocles (contra os avisos de Artemísia, rainha de Halicarnasso e aliada de Xerxes) para atacar a frota grega em condições adversas a ofensiva persa ao invés de enviar alguns dos seus navios para o Peloponeso e simplesmente esperar a dissolução do exército grego depois um cerco prolongado. A batalha naval de Salamina (480 a.C.), onde a frota grega tinha se refugiado no golfo entre a Ática e a ilha de Salamina, foi ganha pela frota ateniense comandada por Euribíades, mas foi só um pequeno revés em uma campanha de sucesso para os persas na época. Abaixo, ilustração e esquema da Batalha de Salamina.

Perdida a comunicação por mar com a Ásia Menor, Xerxes decidiu voltar para Sardes; o exército que deixou na Grécia sob o comando de Mardônio foi derrotado em 479 a.C. em Plateia. A posterior derrota persa em Mícala, ao norte de Mileto, levou à liberdade das cidades gregas da Ásia Menor e da renúncia de Xerxes a elas, deixando de intrometer-se na vida política grega. Dos últimos anos do reinado de Xerxes pouco se sabe. Parece ter enfrentado outra revolta na Babilônia (480/479 a.C.). É sabido que sátrapas foram enviados para tentar a circunavegação da África, mas a vitória dos gregos na Segunda Guerra Médica deu azo a imersão gradual do Império Persa em um estado de apatia, do qual nunca mais iria despertar. O próprio rei estava envolvido em várias intrigas, muito dependente de seus cortesãos e eunucos. Os historiadores e teólogos têm datado os eventos registrados no livro de Ester nessa fase da vida de Xerxes/Assuero. Ele deixou várias inscrições em Van (Armênia), imagem abaixo, no Monte Elvend (próximo a Ecbátana) e em Persépolis onde ele tinha adicionado um novo palácio suntuoso ao que já deixara pai, Dario. Em todos estes textos simplesmente reproduziu as palavras de seu pai.
Nos últimos anos do seu reinado, Xerxes ficou sob a influência de um hircaniano de nascimento, Artabano, favorito do rei e comandante de sua guarda. Entre 4 e 8 de agosto de 465 a.C, com a ajuda do eunuco Aspamitres, Artabano assassinou Xerxes. Segundo Ctesias, matou Xerxes e, em seguida acusou o príncipe herdeiro Dario (filho mais velho de Xerxes) do assassinato instigando a Artaxerxes, um dos filhos do rei, para vingar o parricídio. As fontes clássicas não são concordes.
Ruínas do palácio de Xerxes em Persépolis
Segundo Aristóteles, Artabano matou Dario primeiro e depois o próprio rei. Por documentos encontrados em Persépolis, é sabido que em cerca de 467 a.C., dois anos antes da crise, se passou por um período de fome, e Xerxes foi obrigado a reduzir o pessoal na corte, começando com altos funcionários. Isso teria criado uma situação de descontentamento que acabaria por levar ao assassinato de Xerxes. Abaixo tumba de Xerxes I em Naqš-i Rustam.
A figura de Xerxes legou à arte um personagem trágico e poderoso revisto por vários nuances. Xerxes é o protagonista da ópera Serse do compositor barroco anglo-alemão George Frideric Handel. Foi apresentada pela primeira vez no King's Theatre em Londres em 15 de abril de 1738. A admiração posterior pela antiga Esparta e particularmente pela Batalha das Termópilas levou à interpretação de Xerxes em uma série de obras da cultura popular. Ele foi representado por David Farrar em 1962 o filme The 300 Spartans, onde ele é retratado como cruel, déspota e um comandante inapto. Ao lado Anne Wakefield (Rainha Artemísia) e David Farrar (Xerxes) em The 300 Spartans. Ele também aparece com destaque na graphic novel 300 de Frank Miller, bem como a adaptação do filme (interpretado pelo ator brasileiro Rodrigo Santoro) e na paródia do filme Meet the Spartans (interpretado pelo ator americano Ken Davitian). Abaixo, Xerxes por Frank Miller nos quadrinhos e no cinema.
Outras obras que tratam do Império Persa ou da história bíblica de Ester também mostram Xerxes como no videogame Assassin's Creed II e no filme Conquista de Reis (2006) em que Assuero (Xerxes) foi interpretado pelo ator britânico Luke Goss. Ele é o líder do Império Persa no vídeogame Civilization II (junto com Scheherazade) e III.
As várias versões de Xerxes: dos palácios persas às casas de cinema
Em 2014 Xerxes I voltou novamente às telas do cinema na pele de Rodrigo Santoro no filme 300 - A Ascensão do Império. O filme mostra como o jovem Xerxes, com feições mais iranianas, se transformou no "deus" andrógino para derrotar os gregos. Pura ficção.



REFERÊNCIAS:
http://es.wikipedia.org/wiki/Jerjes_I
http://www.livius.org/x/xerxes/xerxes.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Xerxes_I_of_Persia
http://es.wikipedia.org/wiki/Megabizo_II
http://www.livius.org/saa-san/samas-eriba/samas-eriba.html
http://www.persianempire.info/Xerxes.htm
http://www.iranica.com/newsite/
http://es.wikipedia.org/wiki/Segunda_Guerra_Médica
http://www.heritage-history.com/books/horne/greece/front1.gif
http://arjunkumarshrestha.com.np/wp-content/uploads/2012/06/bEsther.jpg
http://www.livius.org/a/iran/persepolis/xerxes/damaged_xerxes.JPG
http://www.gutenberg.org/files/28876/28876-h/files/17329/17329-h/v9b.htm
http://www.livius.org/a/1/inscriptions/Xv_hali1.jpg
http://www.cais-soas.com/CAIS/Images2/Achaemenid/Military/Battle_of_Salamis_MW.png
http://www.goodsalt.com/details/stdas0429.htmlhttp://persianrealm.com/?p=1162
http://all-things-x.blogspot.com.br/2014/03/my-300-rise-of-empire-spoiler-free.html

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

DARIO I, O GRANDE (522 – 486 a.C.) – PARTE V

As conquistas de Dario rumo ao oeste do Império constituíram-se num esforço que visava consolidar e estabilizar as fronteiras herdadas de Ciro, o Grande, e Cambises II, mas que mero desejo de expansão. Abaixo, a expansão do Império Persa sob Dario I, o Grande.
A ilha de Samos foi submetida em 519 a.C., mas não foi integrada ao Império, sendo confiada ao tirano Siloson por ordem de Dario. Esta foi a primeira incursão dos persas na bacia do Mar Egeu. Em 513 a.C., depois de uma guerra civil em Cirene, também foi submetida a maior parte da Líbia (chamada de Putaya pelos persas). Em 512 a.C., Dario liderou uma expedição contra os saka (mais conhecidos como citas) na região da Cítia (atual Ucrânia), cujo objetivo final continua incerto. Parece que constiuíam ameças às fronteiras do império bem como ao comércio no Mar Negro. Os citas eram constituídos por tribos seminômades que devido a sua ampla rede de comércio eram possuidores de grandes riquezas. Segundo Heródoto, Dario reuniu 700.000 homens, acompanhados por 600 embarcações; os efeitos foram fornecidos principalmente pelas cidades gregas do Helesponto. Abaixo, navio de guerra persa.
Depois de ter enviado uma primeira missão de reconhecimento naval para explorar margens do Mar Negro , em cerca de 513 Dario cruzou o estreito do Bósforo passando à Europa, marchando sobre uma ponte flutuante construída por seu engenheiro Mandrocles de Samos. Ele continuou para o norte ao longo da costa do Mar Negro até a foz do rio Danúbio, acima do qual a sua frota, liderada por jônios fez uma ponte sobre o rio cruzando para Cítia (Heródoto, 4,87-88, 4,97). Os citas evitaram o confronto direto com os persas, e se retiraram para o oriente. Depois de segui-los por um mês Dario chegou a um deserto e começou a construir oito fortalezas de fronteira. Mas, devido ao assédio dos citas às suas tropas e ao clima de outubro, que ameaçavam dificultar ainda mais a campanha, ele deixou o projeto inacabado e retornou através da ponte do Danúbio. Dario, no entanto, tinha avançado o suficiente no território cita para atemorizar os citas e forçá-los a respeitar as forças persas. Dario acabou deixando o Danúbio como a fronteira final do Império Aquemênida no ocidente. No caminho de volta, ele completou as conquistas de sua campanha. O general Megabizo conquistou a Trácia, rica em ouro e várias cidades gregas do Egeu setentrional; a Macedônia submeteu-se voluntariamente (Heródoto, 4,143, 5,1-30) e se tornou um protetorado persa. Abaixo, a campanha de Dario contra os citas.

Em 500 a.C., na sequência ao pedido de ajuda dos tiranos de Naxos, expulsos por seu próprio povo, Aristágoras, o tirano de Mileto, propôs ao sátrapa Artafernes, irmão de Dario, tomar Naxos e de lá, o arquipélago das Cíclades e a ilha de Eubéia. A expedição foi aprovada por Dario, mas as dissenções entre Aristágoras e o almirante persa Megabates fizeram com que o assédio a Naxos não lograsse êxito e se tornasse um desastre econômico para os jônios e persas. Aristágoras caiu em desfavor diante da corte persa já que se comprometera a custear a campanha e não o fez além de ter levado os persas a uma campanha que dizia ser de fácil conquista. Para se precaver contra o castigo do Grande Rei, Aristágoras, por sugestão de seu pai, Histieo, que estava em Susa na corte persa, se rebelou e declarou a independência da Jônia e impôs a isonomia. Dario enviou Histieo para mediar a crise, mas esse instigou ainda mais a revolta. O governo persa não era opressor sobre os jônios, mas limitava suas expectativas comerciais.A revolta ganhou o apoio de Atenas, que enviou 25 trirremes. Abaixo, mapa dos eventos da Revolta Jônica.

O primeiro ataque ocorreu em 499 a.C.contra Sardes, que foi incendiada, mas a acrópole da cidade se tornou inexpugnável. Os rebeldes sofreram uma grande derrota nas proximidades da cidade de Éfeso e Atenas retirou a sua ajuda. No entanto, a revolta espalhou-se por toda a região, de Bizâncio à Caria e a Chipre. Depois de algum sucesso contra o exército persa, as cidades caíram novamente nas mãos dos persas um após a outra. Aristágoras morreu em uma batalha contra os trácios. A frota jônica foi finalmente derrotada na Batalha de Lade em 494 a.C. e Mileto também caiu. Os persas foram implacáveis para com os vencidos. Em 493 a.C., Dario enviou seu genro Mardônio (Marduniya) para a Ásia Menor. Este general integrou aos domínios do Império a Macedônia como também aos brígios e a ilha de Tassos. Abaixo, selo real persa ilustrando a vitória persa sobre os jônios.


Em 491 a.C. as cidades gregas da Ásia Menor foram forçadas a pagar tributos para o Império. O primeiro objetivo militar foi a captura das ilhas do Mar Egeu para controlar esse mar de importância comercial estratégica. Mas não se deve esquecer a tradicional versão legada pelos autores gregos de que a investida de Dario contra a Grécia continental foi para punir aqueles que auxiliaram na Revolta Jônica. A ilha de Naxos finalmente caiu em 490 a.C., depois Delos, Caristo e Eubéia e assim a dominação persa sobre o Mar Egeu foi concluída. A segunda parte, a invasão da Grécia continental foi abruptamente interrompida: os persas desembarcaram na planície de Maratona onde eles foram esmagados pelos gregos coligados sob a liderança de Atenas e tiveram que recuar. Abaixo, ilustração da Batalha de Maratona onde o avanço persa sobre a Hélade foi detido.

A baixa persistência dos persas na conquista da Grécia continental mostra que o principal objetivo desta expedição militar eram as cidades gregas do Mar Egeu. Não obstante não ter conquistado a Grécia continental, nessa época do Império Aquemênida atingiu sua maior extensão. Heródoto relata que Dario se preparava para uma nova expedição contra a Grécia, que dirigiria pessoalmente, mas foi interrompido por uma insurreição no Egito em 486. Abaixo, estátua egípcia de Dario I.
Enquanto se preparava para intervir, sobreveio-lhe uma doença e morreu aos 64 anos em novembro de 486 a.C. A enfermidade durou cerca de um mês. Ele foi embalsamado e sepultado em um túmulo de pedra que havia mandado erguer em vida em Naqsh-e Rostam (imagem abaixo)
Ele havia sido um grande rei, como até mesmo seus inimigos atenienses admitiram. Treze anos após sua morte, o poeta trágico Ésquilo evocada nos dias de Dario, como a idade de ouro da Pérsia (Os Persas 709-712). Abaixo, ilustração de um vaso do século IV que mostra a visão grega de Dario.


A Família de Dario
Gobryas no alívio da Naqš-i Rustam.  Foto Marco Prins.
Gobrias
Antes e ao longo de seu reinado Dario casou-se com mulheres da alta nobreza persa, principalmente do ramo aquemênida de Ciro II. Desses enlaces vieram vários filhos que ocuparam papéis importantes no Império Persa.

Filha de Gobrias 
Seu primeiro casamento foi com filha de Gobrias (imagem abaixo), nobre persa que o auxiliou na derrocada de Gaumata e tornou-se um de seus generais. O enlace se deu antes da ascensão de Dario ao trono real. Dessa união resultaram: Artabazanes, seu primogênito, que foi excluído da sucessão real, pois seu nascimento se deu antes de Dario ser rei. Dela Dario teve ainda Ariabignes e um terceiro filho que não sabe o nome.

Atossa 
Reconstiuição moderna da rainha Atossa,
filha de Ciro, o Grande, e esposa de Dario, o Grande
De Atossa, filha de Ciro, o Grande, e irmã de Cambises II, Dario teve Xerxes I, que o sucedeu, Aquêmenes, que sufocou a revolta egípcia em 484 e se tornou sátrapa do Egito sob o governo de seu irmão, Masistes, sátrapa da Báctria que se revoltou contra Xerxes e ainda a Histaspes e uma filha, Mandane. Abaixo, relevo representando Dario e atrás dele Xerxes, seu sucessor.

Artistone
Artistone também era filha de Ciro II, o Grande, e segundo Heródoto era a esposa favorita de Dario I com o qual teve a Arsames, comandante militar dos núbios e árabes sob Xerxes I, Gobrias, comandante dos capadócios sob Xerxes I e Artazostre, esposa do general Mardônio.




Parmis 
Parmis era filha de Esmerdis/Bardiya e neta de Ciro II. Com ela Dario I teve Ariomardo que comandou os moscos e tibarenos nas campanhas de Xerxes I.

Frataguna
Frataguna era sobrinha de Dario I. Com ele teve a Abrocomes e a Hiperantes, que morreram na Batalha das Termópilas (480 a.C.).

Fedimia
Filha de Otanes, não se conhecem filhos. 

Retrato de uma dama persa

Esposas Desconhecidas
Ariamenes, às vezes identificado com qualquer um dos três filhos da filha de Gobrias ou Masistes, Arsamenes, a esposa de Artoces, a esposa de Daurises, a esposa de Himeas, Sandauce (às vezes identificada com Mandane, filha de Atossa), a esposa de Artaicto, Ishtin (mencionada em documentos de Persépolis) foi casada com Bakeya, que talvez seja Bageo, sátrapa da Lídia, nos escritos de Heródoto e Pandušašša (mencionada em documentos de Persépolis) casada com Bakašakka, chamado "genro do rei" em outro documento, talvez identificável com um comandante persa chamado Basaces por Heródoto. 

REFERÊNCIAS
http://www.satrapa1.com/articulos/antiguedad/Dario1/escitas-dario.htm
http://es.wikipedia.org/wiki/Darío_I
http://www.livius.org/y/yauna/yauna.html
http://www.livius.org/da-dd/darius/darius_i_9.html
http://www.livius.org/as-at/atossa/atossa.html
http://cais-soas.com/CAIS/History/hakhamaneshian/achaemenid_army.htm
http://mozhde.aminus3.com/image/2010-03-14.html
http://www.cais-soas.com/CAIS/History/hakhamaneshian/darius_great.htm
http://www.iranchamber.com/history/atossa/atossa.php