Introdução
Ciro II, o Grande (c. 600/575 - 530 a.C.), foi rei da Pérsia e fundador do Império Persa Aquemênida. Suas conquistas estenderam-se sobre a Média, Lídia e Babilônia; do Mar Mediterrâneo à cadeia montanhosa de Hindu Kush, criando o maior império conhecido até então. Devido a extensão de seus domínios a titularia rela de Ciro foi extensa: rei dos reis da Pérsia, rei de Anshan, rei da Média, rei da Babilônia, rei da Suméria e Acádia, rei de Aryavarta (parte da Índia) e rei dos Quatro Cantos do Mundo. O império fundado por Ciro manteve a sua existência por mais de duzentos anos até a conquista definitiva por Alexandre, o Grande (332 aC). Como um líder militar, Ciro deixou um eterno legado sobre a arte da liderança e de tomada de decisões atribuindo-se seu sucesso a diversidade no conselho e a unidade de comando. Ciro, o Grande, respeitou os costumes e religiões das terras que conquistadas. Diz-se que, na história universal, o destaque do Império Aquemênida fundado por Ciro, se encontra em uma administração que embora centralizada, instituiu um governo que também trabalha para o proveito de seus súditos. A administração do império através de príncipes (os sátrapas) e do princípio vital de se formar um governo em Pasárgada foi oriundo do trabalho de Ciro. Além de sua própria nação, o Irã, Ciro também deixou um legado duradouro na religião judaica (através de seu edito de restauração), nos direitos humanos, na política e estratégia militar, bem como sobre as civilizações orientais e ocidentais. Daí ser chamado de “o Grande”. Esse epíteto é usado por fontes gregas, que também o chamam de "o Velho" em oposição ao personagem posterior conhecido como Ciro, o Jovem. Em antigo persa seu nome é Kurush que tem formas paralelas em acadiano, aramaico, etc., e talvez até em hindu. A etimologia não é certa; talvez signifique "jovem, criança, adolescente," sendo mais provável ser entendido como "aquele que humilha o adversário numa disputa verbal". A interpretação do nome por autores clássicos (Ctesias; Plutarco) como idêntico à palavra persa para "sol" é considerada incorreta por estudiosos. Mas deve se assinalar a semelhança: Kurush talvez se relacione com Khorvash; "sol" em persa é khor; e vash designa similitude. Se essa interpretação estiver certa, Ciro significaria "aquele que é semelhante ao sol".
Representação moderna de Ciro (a partir de relevos antigos) em Sidney, Austrália. O rei tornou-se símbolo universal do bom estadista |
Origens: histórias e lendas
Ciro era filho de Cambises I da Pérsia, da dinastia aquemênida, e, de acordo com Heródoto, de Mandane, filha do Rei Astíages da Média com Aryenis, princesa do reino da Lídia. Isto dá uma certa legitimidade de Ciro ao trono da Média e da Lídia, o que pode ser uma invenção da propaganda oficial aquemênida; no entanto, as alianças dinásticas eram comuns entre os reinos antigos. Os ancestrais de Ciro, conduziram os persas a se estabelecerem na zona montanhosa a leste do antigo reino de Elam (sudoeste do atual Irã) do início do século sétimo a.C. a partir de Aquêmenes lendário fundador da dinastia aquemênida. Ostentavam o título de "rei de Anshan”, cidade de forte tradição elamita, e desde o século VI a.C. eram vassalos do reino da Média. Inscrições em monumentos indicam que Ciro tinha orgulha de sua linhagem, pois sempre se refere a seus antepassados como grandes reis. Abaixo, a região de Anshan (atual Tall el-Malyan no Irã).
O nascimento de Ciro II teria se dado em 600-599 ou 576-575 a.C. Pouco se sabe sobre seus primeiros anos haja vista existirem poucas fontes conhecidas com detalhes desse período de sua vida. Na versão Ctesias de Cnido (século V a.C.), que foi transmitida com muitos detalhes adicionados por Nicolau de Damasco (século I a.C.), Ciro não foi nem o neto de Astíages nem mesmo um aquemênida, mas um homem da tribo nômade dos mardianos. Seu pai, Atradates, foi forçado pela pobreza a se tornar um bandido e sua mãe, Argoste, cuidava de cabras. Quando ela ficou grávida de Ciro, que ela viu em um sonho que seu filho seria o senhor da Ásia. Quando jovem, Ciro tornou-se um funcionário da corte de Astíages e seu copeiro real. O rei mandou-o para reprimir uma revolta dos cadusianos, mas o próprio Ciro se rebelou e tomou o trono da Média. Esta história contradiz não só a de Heródoto, mas também as inscrições cuneiformes. Segundo o historiador R. Schubert é claramente uma tradição meda da origem de Ciro planejada para desacreditá-lo.
O relato de Heródoto sobre início da vida de Ciro pertence a um gênero de lendas que tem como pano de fundo o abandono de crianças do nascimento nobre (como Édipo e Rômulo e Remo) e seu posterior retorno para reivindicar suas posições reais. A versão da história do nascimento de Ciro, segundo Heródoto, narra que o rei medo Astíages, seu avô, teve um sonho em que uma videira crescia das costas de sua filha Mandane, mãe de Ciro, lançando gavinhas que envolviam toda a Ásia. Os magos da corte lhe advertiram que a videira era seu neto e que ele tomaria o lugar do velho reino da Média no mundo. Então o rei medo mandou seu mordomo Harpago que o matasse nas montanhas. O mordomo se comoveu com a beleza da criança e o entregou um pastor de origem real, porém bandido, Mitrídates, da tribo dos mardianos. Harpago ordenou a Mitrídates que levasse o bebê para as montanhas e lá o deixasse morrer. Felizmente, o pastor e sua esposa (a quem Heródoto chama Cyno, em grego, e Spaca-o em meda) tiveram piedade e adotaram a criança como sua em lugar de seu filho que morrera. Abaixo da figura consta em três idiomas a inscrição: "Eu sou Ciro, o Rei, um aquemênida".
Relevo de Pasárgada representando Ciro, o Grande, e inscrição na base da coluna: "Eu sou Ciro o rei, um aquemênida |
Quando Ciro tinha dez anos, afirma Heródoto, tornou-se evidente que Ciro não era filho de um pastor, pois seu comportamento era muito nobre. Astíages conversou com o menino e notou que eles se pareciam. Astíages ordenou a Harpago explicar o que tinha feito com o bebê, e o mordomo tudo lhe revelou. Ao descobrir a traição, Astíages esquartejou o filho de Harpago, e o serviu em um jantar para o mordomo, que apenas soube o que estava comendo quando levaram a última travessa à mesa: a cabeça de seu filho. Astíages foi mais brando com Ciro, e permitiu-o voltar para seus pais biológicos, Cambises e Mandane. Ciro finalmente se tornaria rei dos persas, até então um povo tributário dos medos. Então uma rebelião liderada por Harpago derrotou Astíages, que foi levado a Ciro para julgamento. O rei persa poupou a vida de seu avô, mas marchou para a capital da Média, Ecbátana, e tomou o controle do vasto território medo. De certo sobre os primeiros anos de Ciro pode se afirmar que era persa filho de Cambises, descendente dos reis de Anshan.
O Império Meda e reinos vizinhos antes das conquistas de Ciro. |
Família
Ciro foi casado Cassandane, ela mesma uma aquemênida, princesa da Pérsia, filha de Farnaspes e irmã de Otanes. De acordo com Heródoto (2,1), Ciro a amava muito e quando ela morreu ordenou que todos os súditos de seu império fizessem "um grande pranto." Há um relato na Crônica de Nabonido, rei da Babilônia, que quando "a esposa do rei morreu”, houve luto oficial na Babilônia em 538 a.C. o que indica, muito provavelmente, que foi a morte de Cassandane que estava sendo lamentada. O estudioso M. Boyce sugeriu que ela foi enterrada na torre chamada Zendān-e Solayman na Pasárgada. Segundo Ctesias, Ciro quando da conquista da Média, casou-se com Amytis, filha do rei Astíages, após assassinar o esposo dessa, para legitimar-se como rei da Média. Após a morte de Ciro e do assassinado de seu filho Tanyoxarces (Bardiya/Smerdis da versão corrente) por Cambises II, ela se suicidou tomando veneno. A versão de Ctesias é muito questionada como verossímil pelos estudiosos, mas certamente Ciro deve ter tido uma princesa meda entre suas consortes. Abaixo ilustração do livro Fifty Famous People de James Baldwin retratando Ciro na corte de Astíages.
Com Cassandane, Ciro teve dois filhos, Cambises II (que sucedeu ao pai como rei persa) e Bardiya (possivelmente assassinado por Cambises II), bem como três filhas, das quais se sabe os nomes de duas, Atossa (que casou-se com Dario I, futuro rei persa) e Artystone (também casou-se com Dario I do qual teve dois filhos, Arsames e Gobrias, e uma filha, Artazostre; é testificada também por inscrições em Persépolis que indicam ser ela princesa, que tinha vários palácios na Pérsia e promovia frequentemente banquetes com seu filho Arsames). Veja-se Heródoto, História, 2,1, 3,2, 3.88.2. Segundo König, Roxane parece ter sido o nome da terceira filha de Ciro II não identificada.
REFERÊNCIAS:
http://www.heritage-history.com
http://en.wikipedia.org/wiki/Cyrus_the_Great
http://es.wikipedia.org/wiki/Ciro_II_el_Grande
http://www.iranica.com/newsite/index.isc?Article=http://www.iranica.com/newsite/articles/v6f5/v6f5a026.html
http://www.angelhills.org/Pages/persia.aspx
http://en.wikipedia.org/wiki/Cyrus_the_Great
REFERÊNCIAS:
http://www.heritage-history.com
http://en.wikipedia.org/wiki/Cyrus_the_Great
http://es.wikipedia.org/wiki/Ciro_II_el_Grande
http://www.iranica.com/newsite/index.isc?Article=http://www.iranica.com/newsite/articles/v6f5/v6f5a026.html
http://www.angelhills.org/Pages/persia.aspx
http://en.wikipedia.org/wiki/Cyrus_the_Great
Artigo digno de encômios. Parabéns.
ResponderExcluirMuito obrigado.
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