Artaxerxes I foi rei do Império Persa de 464 a 424 a.C. Ele era filho de Xerxes I da Pérsia e Amestris, filha de Otanes. Abaixo, representação de Artaxerxes I e um servo em Persépolis.
Seu nome nos veio pelas fontes gregas (que também grafam Artoxerxes), mas não tem nada a ver com o nome de Xerxes, pois vem do persa antigo Artaxšacā “aquele cujo reinado é através de arta (a verdade)”. Em persa moderno é Ardeshir. Artaxerxes também foi apelidado pelos autores gregos de μακρόχειρ "macrocheir” (= longímano), alegadamente devido a sua mão direita ser maior do que a sua esquerda. A família russa Dolgoruki da dinastia Rurikid reivindicava ser descendente dele através da casa armênia de Pahlavuni.Abaixo, bacia de prata contendo inscrição se referindo a Artaxerxes I como o rei dos reis, o Grande Rei do Império Persa.
Artaxerxes era o segundo filho de Xerxes e Amestris. Xerxes foi assassinado numa conspiração palaciana por Artabano, um alto ministro da corte (hazarapat, 'chefe de mil'), no ano 465 a.C.; Artaxerxes teria nessa altura cerca de vinte anos. As fontes (Ctesias [Focio, Epítome de Pérsica de Ctesias 33-35]; Diodoro Sículo, Biblioteca Histórica; Pompeio Trogo [Justino, Epítome de Historias Filípicas de Pompeio Trogo]) nos dizem que Artaxerxes, enganado por Artabano matou seu irmão Dario, filho mais velho de Xerxes e presumível herdeiro, que fora acusado pelos conspiradores como o assassino de seu pai. No trono e auxiliado por seu cunhado Megabizo, Artaxerxes por fim mandou matar a Artabano e seus asseclas que também haviam tentado matá-lo. Embora os detalhes (pela natureza das fontes, vez que tardias e baseadas em rumores de corte) não podem ser tomados como totalmente verídicos, o contexto geral, reflete um conflito na sucessão. Abaixo, arqueiros persas representados no palácio de Dario I em Susa.Esta revolução e a queda do Artabano causaram rebeliões. Na Báctria foi conduzida pelo sátrapa Artabano (Ctesias F 14) ou mais plausível, por outro irmão do rei, Histaspes (Diodoro 11.69.2), que também fez reivindicação ao trono. Mas essa revolta foi rapidamente contida. As desordens internas do Império Persa foram aproveitadas pelo líder líbio Inaro para se rebelar no Baixo Egito com o apoio de Atenas. Com o apoio dos egípcios, que odiavam os persas, Inaro e seus homens expulsaram os cobradores de impostos. Com a ajuda dos mercenários atenienses, Inaro derrotou a primeira expedição persa, comandada por Aquêmenes, tio de Artaxerxes e sátrapa do Egito, em Papremis c. 460 a.C. Aquêmenes foi morto pelos rebeldes e as tropas persas refugiaram-se no “Castelo Branco”, a cidadela de Mênfis, onde os persas ficaram sitiados. Em 456 a.C., após jogos diplomáticos e esforço bélico, um exército persa comandado pelos sátrapas Megabizo e Artabazo suprimiu a rebelião. Os atenienses fugiram para a Cirene, enquanto que Inaro foi capturado com alguns atenienses e crucificados anos mais tarde a pedido da rainha-mãe, Amestris, que queria vingar-se da morte se seu filho Aquêmemes. Isso quebrou o acordo que Megabizo havia feito com Inaro e seus seguidores para conseguir o fim da revolta. Por fim o Egito ficou submetido ao Império tendo Arsames como sátrapa. Mas sementes da revolta não haviam sido extirpadas. Abaixo, geografia da revolta de Inaro e posteriores ataques atenienses às possessões persas no Mediterrâneo.
A política de Artaxerxes em relação à Grécia se concentrou no enfraquecimento da posição naval dominante da Liga de Delos (coligação de cidades gregas lideradas por Atenas que formavam uma força naval permanente para combater a ameaça persa), fortalecida após a batalha de Eurimedon (c.468 a.C.) onde a Liga derrotou os exércitos de Xerxes I. Em cerca de 457 a.C. uma embaixada persa foi enviada por Artaxerxes I a Esparta para que declarasse guerra a Atenas e distraísse a atenção e apoio atenienses dos assuntos do Egito. A embaixada não logrou êxito e após a vitória persa no Egito houve confrontos com os atenienses em Chipre (c. 450 a.C.). Abaixo, a Liga de Delos. Não obstante a rivalidade com os gregos, Artaxerxes deu acolhida ao grande vencedor dos persas nas Guerras Médicas: Temístocles. Ele havia sido expulso (ostracismo) por seus compatriotas e estabeleceu-se sob a égide do Grande Rei em Magnésia na Ásia Menor. Dizem que suicidou-se para não participar de uma campnha persa contra os gregos. Os persas já viam sofrendo derrotas e perdas de territórios ante a Liga de Delos e a derrota persa em Chipre possivelmente conduziu ao estabelecimento de um tratado entre gregos e persas chamado Paz de Calias (c. 449 a.C.) que de acordo com Diodoro Sículo, apresentou as seguintes cláusulas:
A política de Artaxerxes em relação à Grécia se concentrou no enfraquecimento da posição naval dominante da Liga de Delos (coligação de cidades gregas lideradas por Atenas que formavam uma força naval permanente para combater a ameaça persa), fortalecida após a batalha de Eurimedon (c.468 a.C.) onde a Liga derrotou os exércitos de Xerxes I. Em cerca de 457 a.C. uma embaixada persa foi enviada por Artaxerxes I a Esparta para que declarasse guerra a Atenas e distraísse a atenção e apoio atenienses dos assuntos do Egito. A embaixada não logrou êxito e após a vitória persa no Egito houve confrontos com os atenienses em Chipre (c. 450 a.C.). Abaixo, a Liga de Delos. Não obstante a rivalidade com os gregos, Artaxerxes deu acolhida ao grande vencedor dos persas nas Guerras Médicas: Temístocles. Ele havia sido expulso (ostracismo) por seus compatriotas e estabeleceu-se sob a égide do Grande Rei em Magnésia na Ásia Menor. Dizem que suicidou-se para não participar de uma campnha persa contra os gregos. Os persas já viam sofrendo derrotas e perdas de territórios ante a Liga de Delos e a derrota persa em Chipre possivelmente conduziu ao estabelecimento de um tratado entre gregos e persas chamado Paz de Calias (c. 449 a.C.) que de acordo com Diodoro Sículo, apresentou as seguintes cláusulas:
- Concessão autonomia para as cidades jônicas da Ásia Menor;
- Nenhum sátrapa persa tem jurisdição sobre a costa do Mar Egeu;
- É proibida a navegação persa no Mar Egeu;
- Atenas não pode intervir nos territórios persas do Egito, Chipre e Ásia Menor.
Embora haja dúvidas sobre a existência e o contexto do tratado, o fim das hostilidades diretas entre a Liga de Delos e o Império Persa sugere, pelo menos, um acordo verbal entre ambas as partes, embora se pense que o seu conteúdo fosse diferente do que é afirmado por Diodoro Sículo. No entanto, a Paz de Calias não impediu a intervenção dos atenienses (440/449 a.C.) em apoio a Mileto que estava em guerra com Samos, apoiada pelo sátrapa da Lídia, Pisutines. No início da Guerra do Peloponeso (431-404 a.C.) Esparta e Atenas deixaram de lado todas os seus melindres e ressentimentos com os "bárbaros" persas e buscaram o apoio de Artaxerxes I. O rei morreu sem definir a que cidade grega apoiar. Abaixo, embaixada grega solicitando apoio do Grande Rei.Embora devoto de Ahura Mazda, o supremo deus do zoroastrismo, a religião persa, Artaxerxes I retomou a política religiosa tolerante de seus predecessores Ciro II e Dario I a despeito da de seu pai Xerxes I. O Grande Rei nomeou a Esdras, sacerdote e escriba judeu, através de uma carta de decreto, como encarregado dos assuntos civis e religiosos da nação judaica. Uma cópia do decreto aparece na Bíblia no Livro de Esdras 7:13-28. Então Esdras deixou Babilônia no primeiro mês do sétimo ano do reinado de Artaxerxes (cerca de 457 a.C.) a frente de um grupo de judeus que incluíam sacerdotes e levitas. Eles vieram a Jerusalém no primeiro dia do quinto mês do sétimo ano (calendário hebraico). Em seu 20º ano de reinado, Artaxerxes nomeou o judeu Neemias como governador da província de Judá e permitiu a reconstrução dos muros da cidade sagrada de Jerusalém. Abaixo representação de Artaxerxes I e o deus Ahura Mazda com os povos submissos em sua tumba em Naqsh-i-Rustam.
A reconstrução da comunidade judaica em Jerusalém havia começado sob Ciro, o Grande, que havia permitido que os judeus em cativeiro na Babilônia voltassem a Jerusalém e reconstruíssem o Templo de Salomão (concluído em 520 a.C. sob Dario I). Um número de judeus liderados por Zorobabel (descendente do rei Davi) já haviam voltado a Jerusalém no ano 537 a.C. Abaixo, ilustração de Gustave Doré sobre a liberação de Esdras por Artaxerxes.Artaxerxes construiu um palácio em Persépolis, do qual hoje praticamente só existe a fundação e completou a chamada "Sala das Cem Colunas" que era a sala do trono e o segundo maior edifício de Persépolis . Sua construção foi iniciada por Xerxes.
- Nenhum sátrapa persa tem jurisdição sobre a costa do Mar Egeu;
- É proibida a navegação persa no Mar Egeu;
- Atenas não pode intervir nos territórios persas do Egito, Chipre e Ásia Menor.
Embora haja dúvidas sobre a existência e o contexto do tratado, o fim das hostilidades diretas entre a Liga de Delos e o Império Persa sugere, pelo menos, um acordo verbal entre ambas as partes, embora se pense que o seu conteúdo fosse diferente do que é afirmado por Diodoro Sículo. No entanto, a Paz de Calias não impediu a intervenção dos atenienses (440/449 a.C.) em apoio a Mileto que estava em guerra com Samos, apoiada pelo sátrapa da Lídia, Pisutines. No início da Guerra do Peloponeso (431-404 a.C.) Esparta e Atenas deixaram de lado todas os seus melindres e ressentimentos com os "bárbaros" persas e buscaram o apoio de Artaxerxes I. O rei morreu sem definir a que cidade grega apoiar. Abaixo, embaixada grega solicitando apoio do Grande Rei.Embora devoto de Ahura Mazda, o supremo deus do zoroastrismo, a religião persa, Artaxerxes I retomou a política religiosa tolerante de seus predecessores Ciro II e Dario I a despeito da de seu pai Xerxes I. O Grande Rei nomeou a Esdras, sacerdote e escriba judeu, através de uma carta de decreto, como encarregado dos assuntos civis e religiosos da nação judaica. Uma cópia do decreto aparece na Bíblia no Livro de Esdras 7:13-28. Então Esdras deixou Babilônia no primeiro mês do sétimo ano do reinado de Artaxerxes (cerca de 457 a.C.) a frente de um grupo de judeus que incluíam sacerdotes e levitas. Eles vieram a Jerusalém no primeiro dia do quinto mês do sétimo ano (calendário hebraico). Em seu 20º ano de reinado, Artaxerxes nomeou o judeu Neemias como governador da província de Judá e permitiu a reconstrução dos muros da cidade sagrada de Jerusalém. Abaixo representação de Artaxerxes I e o deus Ahura Mazda com os povos submissos em sua tumba em Naqsh-i-Rustam.
A reconstrução da comunidade judaica em Jerusalém havia começado sob Ciro, o Grande, que havia permitido que os judeus em cativeiro na Babilônia voltassem a Jerusalém e reconstruíssem o Templo de Salomão (concluído em 520 a.C. sob Dario I). Um número de judeus liderados por Zorobabel (descendente do rei Davi) já haviam voltado a Jerusalém no ano 537 a.C. Abaixo, ilustração de Gustave Doré sobre a liberação de Esdras por Artaxerxes.Artaxerxes construiu um palácio em Persépolis, do qual hoje praticamente só existe a fundação e completou a chamada "Sala das Cem Colunas" que era a sala do trono e o segundo maior edifício de Persépolis . Sua construção foi iniciada por Xerxes.
Ruínas da Sala das Cem Colunas |
Reconstituição gráfica do interior da Sala das 100 Colunas |
A esposa principal de Artaxerxes foi Damaspia, que faleceu no mesmo dia que o rei. Da união com ela nasceu Xerxes II que herdou o trono aquemênida. De segunda mulher, Alogine, uma concubina da Babilônia, teve Sogdiano que disputou o trono persa com seus irmãos. De sua terceira esposa, Andia, uma outra concubina da Babilônia, teve Bagopeu e Parisatis (casada com Dario II Noto). De sua quarta esposa, Cosmartidene, também uma concubina da Babilônia teve Arsites e Oco, o futuro rei Dario II. Artaxerxes I morreu entre 24 de dezembro de 424 e 10 de janeiro 423. Foi sucedido por seu filho Xerxes II. Abaixo, tumba identificada como sendo de Artaxerxes I.
REFERÊNCIAS:
http://es.wikipedia.org/wiki/Artajerjes_I
http://curteahistoria7.blogspot.com/2009_12_01_archive.html
http://es.wikipedia.org/wiki/Liga_de_Delos
http://www.livius.org/arl-arz/artaxerxes/artaxerxes_i_makrocheir.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Artaxerxes_I_of_Persia
http://images.bridgemanart.com/cgi-bin/bridgemanImage.cgi/400wm.DGA.0452250.7055475/519361.jpg
http://en.wikipedia.org/wiki/Artaxerxes_I_of_Persia
http://images.bridgemanart.com/cgi-bin/bridgemanImage.cgi/400wm.DGA.0452250.7055475/519361.jpg
Muito legal a matéria, muito rica em detalhes.
ResponderExcluirVeio acalhar, pois estou fazendo um estudo detalhado sobre a vida de Neemias.
Deus abençõe!
Roberto Cardoso da Silva, Igreja Apostolica Adonai em Diadema, SP.
Obrigado. Fico feliz em ter contribuído.
ResponderExcluirIrmão como afirmar categoricamente que artaxerxes começou a reinar em 465ac e não em 474ac?
ResponderExcluirCaro irmão essa data é embasada nas fontes históricas. O tablete babilônico BM 32234 indica que Xerxes, pai de Artaxerxes, morreu, segundo o calendário babilônico, no 21º ano de seu reinado, no dia 14 do 5º mês do ano babilônico, que corresponde, no nosso calendário, ao tempo de 22 de julho a 21 de agosto de 465 a.C. Os historiadores tem concordado que o dia da morte de Xerxes se encontra entre os dias 4 e 8 de agosto de 465 a.C. Além disso, os papiros aramaicos de Elefantina, que utilizam o calendário egípcio e judaico indicam claramente, fazendo-se as devidas correspondências com nosso calendário, que o ano do reinado de Artexerxes se iniciou em 17 de dezembro de 465 a.C. (seguindo-se o calendário egípcio) ou 3 ou 4 de janeiro de 464 a.C. (seguindo-se o calendário judaico). O calendário babilônico de Nabonassar indica que o início do reinado de Artaxerxes se deu no 284 que corresponde ao início de dezembro de 465 a.C. Com isso concorda a maioria das fontes gregas antigas. Artaxerxes, portanto, não iniciou seu reinado em 474 a.C., pois o seu pai ainda estava vivo nessa data! Além disso, a data de 474 a.C. é fruto da interpretação literal e errada do texto bíblico feita arcebispo inglês James Ussher, do século XVI, que não dispunha de outras fontes.
ExcluirMuito bom esse estudo, me ajudou bastante no que precisava. Obrigado e Deus te abençoe
ResponderExcluirObrigado. Fico feliz em ter contribuído.
ExcluirOI JOALSEMAR ME CORRIJA POR FAVOR SE ESTIVER ERRADO A MINHA CONCLUSÃO NABUCODONOSSOR INVADE JERUSALÉM E LEVA MUITOS CATIVOS UM BOM TEMPO DEPOIS CIRO E DARIO CONQUISTA BABILÔNIA E AI ARTAXERXES MATA SEU IRMÃO DARIO E SEU PAI XERXE E COMEÇA A REINA?
ResponderExcluirCaro Marcos, perdoe-me a demora em responder-te. Está havendo uma confusão aí. Veja bem. Quem conquistou a Babilônia foi Ciro em 539 a.C. Dario I sucedeu ao filho de Ciro, Cambises, em 522, após submeter vários líderes revoltados. Reinou até 486 a.C. Xerxes, filho de Dario, reinou de 486 a.C. até 465 a.C. As fontes disponíveis são unânimes em afirmar que Xerxes foi assassinado por um ministro de confiança, Artabano. Segundo o historiador Ctesias, Artabano matou Xerxes e acusou seu herdeiro Dario de ter assassinado o pai. Artabano, o segundo na linha de sucessão, matou Dario. Segundo o filósofo grego Aristóteles, Artabano matou Dario e depois Xerxes. Ao que tudo indica, o ministro eliminou o rei e seu herdeiro para colocar no trono alguém que sobre quem tivesse maior controle.
ExcluirContinuando, Marcos, então Artaxerxes sobe ao trono em 465 a.C. Segundo Ctésias, após eliminar seu irmão Dario de quem pensava ter matado o pai.
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